A série de protestos prometida pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) nesta quinta-feira, em São Paulo, não chegou à Arena Corinthians, mas bloqueou uma importante avenida em Itaquera, nesta manhã. No dia em que membros do Ministério Público do Trabalho fazem a última vistoria no estádio antes de entregá-lo aos cuidados da Fifa, cerca de mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, aglomeraram-se nas proximidades do palco de abertura da Copa do Mundo. Elas protestaram contra os gastos públicos do Mundial e reivindicaram moradia.
“O objetivo é divulgar as reivindicações de moradia urbana que entregamos para a presidente Dilma na semana passada”, explicou Guilheme Boulos, um dos membros da Coordenação do MTST, que ainda criticou a inflação do mercado imobiliário e falou em uma Copa do Mundo de segregação. “Aqui não tem acomodado”, proferiu.
No momento em que os ânimos ficaram mais exaltados, os manifestantes atearam fogo em pneus e montaram uma barricada em uma das avenidas próximas à Arena Corinthians. Não houve a intenção, porém, de cercar o novo estádio alvinegro. “Isso soaria como provocação. Vamos ficar aqui. Não queremos causar nenhum dano ao patrimônio do Corinthians”, disse Boulos.
O protesto foi pacífico e, em nenhum momento, houve confronto com a Polícia Militar. “Há um equilíbrio da PM”, classificou Boulos, que foi endossado pelo tenente coronel Carlos Righi. “Não foi relatado nenhum incidente e, assim que esta manifestação acabar, estas pessoas voltarão para o Parque do Carmo, onde estão acampados”, informou.
Os manifestantes gritaram palavras de ordem e carregaram inúmeras faixas. Em uma delas, a mensagem definia bem o que o grupo reivindicava: ”Pela moradia digna já! Chega de despejos!”. Em outra, a ironia era perceptível: “Queremos moradia padrão Fifa!”. As críticas foram direcionadas não só à presidente Dilma Roussef, como também ao governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin.
“O Minha Casa Minha Vida não atende aos que mais precisam: os pobres. Ele pode ir à televisão e falar que atende, mas nós sabemos que isto não acontece. Vai dar dinheiro para a construtora fazer estádio, para a classe média fazer casa, mas nós também queremos a nossa parte”, declarou Guilherme Boulos.
Além das avenidas localizadas em Itaquera, o MTST também organizou passeatas em outros quatro pontos da capital paulista na manhã desta quinta-feira: Marginal Pinheiros, Marginal Tietê, Avenida Giovanni Gronchi e Ponte do Socorro. Houve ainda manifestações do mesmo grupo em outras sete cidades do Brasil, entre elas Brasília, Palmas, Rio de Janeiro e Fortaleza.
Fonte: Terra