Uma paciente de Águas Lindas, em Goiás, com parada cardiorrespiratória, teve de passar por três hospitais do Distrito Federal até ter a morte encefálica comprovada. A espera entre a entrada dela no hospital goiano até a confirmação do óbito foi de oito horas.
A paciente Edna Néri dos Santos Oliveira, de 45 anos, deu entrada no hospital municipal Bom Jesus, em Águas Lindas, no fim da tarde de quarta-feira (31). Segundo o médico Wendel Moreira, o centro de saúde de Goiás não possui o equipamento necessário para comprovar morte encefálica.
“Nós entubamos essa paciente, foi entubada, eu fiz um acesso central, mas não tinha bomba de infusão, então ao [fazer] o exame neurológico percebi pelo monitor e fazendo eletro que ela tinha um infarto muito grande, extenso, e que estava em provável morte encefálica”, afirma o médico Wendel Moreira.
Para confirmar o quadro, ele afirma que fez contato telefônico com centros médicos de Goiânia, Taguatinga, Ceilândia e Brazlândia. Diante das negativas, ele decidiu entrar na ambulância com familiares da paciente e procurou atendimento nos hospitais do DF.
O primeiro destino foi o Hospital Regional de Ceilândia. Segundo familiares da paciente, o hospital se recusou a recebê-la alegando falta de vaga. O mesmo aconteceu quando a ambulância seguiu para o Hospital Regional de Taguatinga.
A mulher conseguiu atendimento no Hospital de Base de Brasília. Segundo Moreira, eles esperaram por uma hora até serem recebidos. A morte cerebral da mulher só foi confirmada às 2h desta quinta-feira (1º). Ela continua internada no HBB ligada a aparelhos.
“Mesmo se ela tivesse morte encefálica eu tinha a obrigação [de buscar atendimento], porque nós no Brasil temos que respeitar, salvar vidas inclusive na hora que perdemos as vidas”, afirma Moreira.
Segundo o secretário-adjunto de Saúde do DF, Elias Miziara, nenhum hospital da capital recusou receber a paciente. “Tanto é que ele foi a Ceilândia, foi o único hospital, a paciente foi para a sala vermelha e em comum acordo, entre o doutor Wendel e nosso médico que estava de plantão, resolveu que a paciente deveria ser transferida para o Hospital de Base.”
O secretário diz que não a demora no atendimento não teve impacto na saúde da paciente porque ela já veio de Águas Lindas com morte encefálica aparente. “Então, nós não entendemos ainda porque é que ela imediatamente não foi absorvida pelo hospital. Ela deveria já ter entrado no hospital em qualquer condição.”
Miziara disse que a Secretaria de Saúde vai apurar o caso. Segundo o secretário, o médico só fez contato oficial com o hospital de Taguatinga.