João Pedro Doederlein lança seu primeiro livro com coletânea de expressões ressignificadas
João Pedro Doederlein não imaginava que a falta de Ivan àquela reunião em 31 de dezembro de 2015 o impulsionaria para alcançar seu sonho de se tornar escritor. Foi na tarde pré-reveillon, ao som de Ed Sheeran, que João Pedro criou Isabel, a personagem principal de Ainda não é ano novo, seu primeiro texto viral no Facebook.
“Eu sempre escrevi as coisas que sentia e era muito apaixonado por essa menina, foi uma pessoa que mexeu muito comigo. Ela pediu a chamasse de Isabel caso um dia eu escrevesse sobre ela, e quando tocou a nossa música naquele dia eu resolvi escrever para ‘a Isabel’ com toda a sinceridade que as promessas de ano novo nos permitem.”
Mas o projeto que deu a João Pedro Doederlein a oportunidade de lançar seu primeiro livro, O livro dos ressignificados, com apenas 21 anos, nasceu de uma pesquisa. Como muitos bons trabalhos, não surgiu do nada.
“Fiz uma aula de escrita criativa com o Marcelino Freire e ele falou que ‘um bom escritor é aquele que conhece as próprias palavras’. Ele explicou que elas têm pesos e significados diferentes de acordo com a vivência das pessoas. Depois desse dia, eu fiquei pensando nessas coisas e lembrei de um livro que gosto muito e tem crianças dizendo o que as palavras significam para elas, o Estrelas são pipocas e outras descobertas, de Ana Maria Moura”, explica.
Só que a ideia precisou de um pouco mais de tempo para surgir e contou com outra pessoa, que definiu o amor como “apenas uma troca de interesses” e despertou o defensor do amor que existe em Doederlein. “Eu logo falei que era mesmo. Que o amor é o interesse que eu tenho pelos cabelos dela, o interesse que eu tenho pelas tatuagens que ela tem, é o meu interesse pelo nome e história dela, é o interesse pelo fato dela ter 23 anos e ainda gostar de desenho animado. (…) Então sim, o amor é uma troca de interesses. Só que uma troca de interesses na qual não existe alguém lucrando em cima do outro, os dois ganham. E depois desse episódio é que tive a ideia de começar a ressignificar palavras como se fosse um dicionário.”
Conquista de fãs
Mas o primeiro ressignificado não foi o amor, mas sim o interesse. “Aquilo que eu sinto pela cor dos seus cabelos e pelo timbre da sua voz. É aquilo que me invade os olhos quando eu vejo você e esqueço que o resto do mundo inteirinho tá ali do lado. É a sensação de querer te impressionar sem ao menos saber com o que. Moeda de troca do amor”, diz a definição atribuída pelo escritor.
Os ressignificados ganharam espaço no Facebook e no Instagram e conquistaram fãs em todo o Brasil. Hoje, João Pedro tem mais de 748 mil curtidas na página Contos mal contados, no Facebook, e mais de 448 mil seguidores no perfil @akapoeta, no Instagram. A expressividade nas redes chamou atenção de editoras e hoje à noite o brasiliense faz o primeiro lançamento de O livro dos ressignificados. Após Brasília, ele segue para São Paulo e Rio de Janeiro, onde lança, oficialmente, o título na Bienal do Livro.
Dividida em seis temas principais, a obra fala sobre “O jardim, o zodíaco, o coração, a mente, a cidade e a história de nós dois”. O livro reúne 170 ressignificados e seis poesias.
*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco
O livro dos ressignificados
De @akapoeta, João Pedro Doederlein. Cia das Letras. 216 páginas. A partir de R$ 34,90, livro físico; R$ 23,90, o e-book. Lançamento e sessão de autógrafos de O livro dos ressignificados. Livraria Saraiva do Park Shopping (SAI/SO, Área 6580, Guará, lj 256, Piso 2). Hoje, às 19h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.