De acordo com análise feita com organização internacional, alunos não têm o conhecimento necessário na disciplina para exercer a cidadania
Os jovens de 15 e 16 anos do Distrito Federal têm um desafio na hora dos estudos: a matemática. Segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, 61% dos adolescentes avaliados nessa faixa etária não possuem os conhecimentos básicos da disciplina para exercerem plenamente a cidadania.
De acordo com os parâmetros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo estudo com apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), a capacidade dos estudantes em matemática pode ser definida em seis níveis, de 1 a 6. A organização entende que o estudante só pode exercer plenamente a cidadania se estiver pelo menos no nível 2 na disciplina.
O estudo mostra que, na capital federal, 35% dos alunos avaliados estão abaixo do nível 1, o mais básico, e não são capazes de responder questões definidas com clareza, que envolvem contextos conhecidos e nas quais todas as informações relevantes estão presentes. Dentro do nível 1, capazes de solucionar questões como as definidas acima, mas ainda abaixo do nível mínimo recomendado pela OCDE, foram enquadrados outros 26% dos estudantes avaliados.
No nível 2, aptos a utilizar fórmulas e procedimento matemáticos básicos e a exercer a cidadania, estão 22% dos estudantes que fizeram a prova. O nível mais alto registrado no DF foi o 5, com 1% dos jovens avaliados. Nessa categoria, estão aqueles capazes de resolver questões complexas e formular hipóteses. Nos níveis intermediários, a divisão foi a seguinte: no 3, ficaram 12% e no 4, 4%.
Nas provas, os estudantes demonstraram melhor desempenho em questões relacionadas a valor em dinheiro, razão e proporção e cálculos aritméticos. O ponto fraco dos alunos foram as questões que pedem abstrações matemáticas, principalmente àquelas relacionadas a figuras geométricas, como o perímetro ou a área, ou as características das figuras espaciais.
Mais de 900 alunos
As provas do Pisa foram realizadas no ano passado com 23.141 estudantes de 841 escolas brasileiras. Estavam aptos para participar jovens entre 15 anos e 3 meses e 16 anos e 2 meses, matriculados entre o 7º ano do ensino fundamental e o 2º ano do médio. No DF, o teste foi aplicado a 907 estudantes de 28 escolas da capital.
Apesar dos índices preocupantes, a capital federal ainda teve a quinta maior colocação em matemática entre as demais unidades da Federação, com nota 396. O DF só ficou atrás de Paraná, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina; e ainda ficou à frente da média nacional, que foi de 377.
Outras disciplinas
Além da matemática, o Pisa 2015 avaliou os conhecimentos dos estudantes em ciências e a capacidade de leitura deles. Nessas análises, o resultado do DF também foi destaque entre os estados brasileiros. Na prova de ciências, com nota 426, a capital federal obteve a segunda colocação nacional, só atrás do Espírito Santo, e acima da média nacional.
Já na prova de leitura, o Distrito Federal ficou em quatro lugar, ultrapassado por Espírito Santo, Paraná e Minas Gerais. Na avaliação, a média local também foi maior que a nacional.
Brasil
Ao todo, o Pisa 2015 avaliou a educação em 70 países: 35 membros da OCDE localizados na Europa, Ásia e América do Norte, e outras 35 economias parceiras, como o Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia. Na avaliação de ciências, a média brasileira ficou em 401, bem abaixo do número alcançado por países membros da OCDE, que tiveram média de 493.
Nas outras duas áreas de estudo, o Brasil também ficou aquém de países mais desenvolvidos. No quesito leitura, a nota nacional foi de 407, enquanto a das nações da OCDE também foi de 493. Por fim, em matemática, a média do Brasil ficou em 377 contra os 490 registrados nos membros da organização.