São Paulo – “Nos grandes bancos, as pessoas são muito distantes e não estão com a barriga no balcão”. Com essas palavras, o fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, justificou a jornalistas a sua presença na abertura da edição da feira Expert XP, em São Paulo, com o intuito de aproximar os executivos da corretora dos clientes parceiros.
De acordo com os organizadores, a expectativa é receber 30 mil visitantes nos dois dias do evento, considerado o maior festival de investimentos do mundo e repetir o feito da última feira, em 2019. Além de 130 expositores, há 35 horas de palestras programadas com a presença de grandes personalidades do mundo dos investimentos, como o megainvestidor norte-americano Howard Marks; autoridades como o ministro da Economia Paulo Guedes; e celebridades, como a tenista Serena Williams e o jogador de futebol Ronaldo Nazário.
“Vender investimento é vender credibildiade”, resumiu Benchimol, ao lado do CEO da XP Inc, Thiago Mafffra. Ele contou que a ideia da feira nasceu em 2010, quando ele visitou uma feira da Schawb, a maior corretora do mundo, em San Francisco, nos Estados Unidos. “Parecia um show de rock. A gente voltou e tentou fazer uma no Brasil. Em três meses, montamos uma feira com seis estandes, na Barra da Tijuca (no Rio), sendo três da XP e os outros de três apoiadores”, disse. Foram vendidos um terço dos ingressos dos 300 convidados.
Em 2015, o executivo foi novamente aos Estados Unidos participar de uma feira da mesma corretora norte-americana em Washington, mas foi barrado. E depois, em 2019, a Expert XP foi considerada o maior evento financeiro do mundo e representantes da Schwab vieram ao Brasil e não foram barrados. “Eles serviram de inspiração para nós. Mas estou contando sobre o perrengue que foi lá atrás”, disse, como resposta se ele não quis barrar a corretora norte-americana.
Organizadores disseram que a expectativa é de que o evento deste ano repita o feito de 2019. Benchimol, admitiu que é um eterno otimista, e disse esperar que, no próximo ano, a feira será “maior ainda”. A meta da companhia é alcançar R$ 1 trilhão de ativos sob a gestão da corretora. Atualmente, o volume chegou a R$ 846 bilhões nas contas de cerca de três milhões de clientes. “A gente é muito otimista com o futuro”, disse ele, após admitir que teve “muitos fracassos na vida” até conseguir deslanchar com a XP, que começou com um pequeno escritório em Porto Alegre.
“O Brasil está melhorando. Nós somos otimistas. A gente acredita muito na força do empreendedorismo”, disse ele, citando alguns números que deu na abertura do evento.
“Temos 23 milhões de empreendedores que empregam 50 milhões de brasileiros. Se o país quer criar emprego e renda tem que construir mais empreendedores”, acrescentou Benchimol, defendendo que a geração de empregos é maior na iniciativa privada, mas sem criticar a falta de políticas públicas para melhorar o mercado de trabalho e a renda dos trabalhadores brasileiros. Ele evitou comentar sobre as eleições deste ano e suas expectativas com o resultado das urnas. “Quem tem que ajudar o Brasil são os brasileiros”, emendou.
Thiago Maffra, por sua vez, destacou a estratégia de descentralização da companhia pelo país, ampliando adoção do trabalho híbrido, ou seja, presencial e remoto, como um diferencial da XP para ganhar mercado.
“Desde o começo da pandemia, criamos o modelo XP Anywhere, espelhado em todos os estados e em alguns países. Com isso, temos acesso a uma mão de obra mais qualificada fora do eixo Rio-São Paulo.
Na abertura do evento, Benchimol contou um pouco da trajetória da XP e Maffra criticou a concentração do mercado financeiro, pois os grandes bancos detém 75% dos investimentos no país e a XP, “apenas cerca de 6% a 7%”. “Temos ainda muito potencial para crescer no país”, afirmou o CEO da XP.
Em seguida, Benchimol participou de um segundo painel com três bilionários brasileiros, Fabrício Bloisi (IFood), Pedro Franceschi (Brex) e Carlos Alberto Sicupira (3G Capital), o consenso foi um só: sem educação de qualidade não é possível ser bem-sucedido. “Para o futuro do Brasil, o que falta é educação”, frisou Sucupira, um dos fundadores da gigante de bebidas Ambev, que se tornou InBev.
A jornalista viajou a convite da XP Investimentos
Por Correio Braziliense