O Correio destaca uma série de lançamentos de discos em plena era dos meios de propagação virtual
Em tempo de Spotify, YouTube, iTunes e Google play, meios virtuais, hoje bastante utilizados por quem produz conteúdos artísticos, ainda há quem não abra mão de lançar seus trabalhos no formato físico. Sim, os (quase) antigos CDs e DVDs estão vivos! Continuam respeitados e consumidos por quem curte música no país.
Entre nomes consagrados da MPB e os novos valores em busca de espaço nesse concorrido universo são muitos os que mantêm fidelidade ao disco compactado. Mesmo atenta ao momento de transição para as novas mídias, a indústria fonográfica ainda aposta na produção voltada para esse segmento — embora em menor escala.
Hoje, muitos utilizam pequenos estúdios caseiros para fazer o registro do que estão criando, até por não terem acesso às chamadas majors — gravadoras multinacionais. E o resultado disso é bastante satisfatório. Nos últimos meses, expressivo número de instrumentistas e cantores brasilienses — de diferentes estilos e gerações — tem lançado discos e enriquecendo a cena musical da cidade. O Correio destaca aqui alguns deles.
Recomeço (Di Steffano)
Músico com vivência na cena musical carioca e carreira internacional, o baterista potiguar trabalhou ao lado de artistas consagrados, como João Donato, Ivan Lins, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Leila Pinheiro e o grupo Boca Livre. Radicado em Brasília desde 2011, Di Steffano tem quatro discos lançados. Agora, chega ao Recomeço, álbum com 11 composições próprias, em que se destacam Nicolas, Um abraço no Peranzeta, Um dia em Maputo e Valsa da saudade. “São temas instrumentais em que promovi a fusão de ritmos brasileiros e africanos. Na concepção desse projeto, contei com a participação inestimável de André Mehmari (piano), Daniel Santiago (violão), Jorge Helder e André Vasconcellos (baixo)”, conta. “O lançamento será no próximo dia 11, com show no Espaço Cultural do Choro”, anuncia.
Produção independente. Preço R$ 20.
Cabaça D’água (Alberto Salgado)
Um dos nomes de maior relevância da música brasiliense contemporânea, o cantor, compositor e violonista nascido em Sobradinho está lançando o segundo disco, com 10 faixas. “Diferentemente do Além do quintal, que marcou minha estreia, cujo foco foi a apresentação da composição e as letras, no Cabaça D’água busquei trabalhar mais a interpretação das canções, cantando num tom mais alto e aberto”, explica Salgado. Neste CD, usando a linguagem do violão percussivo, ele ataca de levadas africanas, samba e ritmos nordestinos. Para acompanhá-lo, convocou instrumentistas do primeiro time da cena candanga: Carlos Pial (percussão), Célio Maciel (bateria), Márcio Marinho (cavaquinho), Ocelo Mendonça (cello) e Sando Jadão (baixo). O repertório traz o registro de músicas feitas com parceiros, como Chico César (Ave de mim), Climério Ferreira (Da jangada em pleno mar), Arthur Maia (Histórias do vento), Wander Porto (Oferenda) e Werner Schelle (Cabaça D’água). “Há a participação de Chico César, cantando a canção da nossa parceria) e do pernambucano Silvério Pessoa em Pele debaixo da unha, de minha autoria”.
Produção independente. Preço: R$ 25.
Dois violões (João Ferreira e Vinicius Viana)
A estética do violão brasileiro tem sido buscada pelos dois violonistas brasilienses desde que, em 2009, no Departamento de Música da UnB (onde receberam formação acadêmica), se juntaram em duo. O resultado desse processo desaguou no CD lançado no fim do ano passado. “Quisemos mostrar o violão como um instrumento solo, tendo como referências os mestres Heitor Villa-Lobos, Dilermando Reis, Garoto e Baden Powell”, diz João Ferreira. O repertório do álbum traz 10 canções, sendo seis autorais, entre elas Brower e Tem mais um, compostas por João; Pra tudo dar certo e Homenagem a Garoto, de autoria de Vinicius. Em parceria, eles criaram Três irmãos — em homenagem a Clodo, Climério e Clésio – e Villa de Espanha, em que fundem elementos da obra de Villa-Lobos e da música flamenca. Pérolas (Jacob do Bandolim), Escorregando (Ernesto Nazareth) e Tua imagem (Canhoto da Paraíba) ganharam novos arranjos.
Produção independente. Preço: R$ 20.
Da Janela (A Engrenagem)
Felipe Viegas (teclados), Filipe Togawa (piano), Henrique Alvim (guitarra), Pedro Miranda (contrabaixo) e Renato Galvão (bateria) criaram, em 2014, A Engrenagem, grupo que utiliza uma grande variedade de timbres. “O que propomos é um som brasileiro jazzístico, que mescla o orgânico, o visceral e experimental, e passeia pelo acústico e o sintético”, afirma Galvão. O primeiro CD da banda é o Imaginante, lançado em 2015. O Da Janela foi gravado na Universidade de Örebro, na Suécia, e é resultado de arranjos coletivos, “forma que encontramos para levar ao público nosso processo criativo”, acrescenta o baterista. Ar de outo lugar, Girassóis, Snow song e Exílio dos pássaros são algumas das 10 faixas autorais. Nesse contexto, a única exceção é a versão instrumental do grupo para Construção, que traz um novo frescor para o clássico de Chico Buarque, ao propor a junção da mistura bem temperada de ritmos brasileiros e de harmonias contemporâneas. Produção independente. R$ 30.
Sábado à tarde (Beth Ernest Dias e outros)
Coube à flautista Beth Ernest Dias fazer o resgate da obra do primeiro presidente do Clube de Choro de Brasília e talentoso criador e intérprete do gênero musical tido como a gênese da MPB. Ex-integrante do grupo Fina Florodo Samba e da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, ela pesquisou e trouxe para o álbum duplo 15 choros compostos por Avena e nova remasterizações de temas gravados por ele. Do primeiro CD fazem parte, por exemplo, Evocação de Jacob, com solo de Hamilton de Holanda; Okik-ryas, com interpretação de um um conjunto regional formado por, entre outros, Sérgio Moraes (flauta), Evandro Barcellos (cavaquinho), Fernando César (violão 7 cordas), Jaime Ernest Dias (violão 6 cordas), Valerinho (pandeiro) e Francisco Aquino (piano); e Quando fala o coração, recriada em duo por Beth e Francisca Aquino. No segundo disco, ouve-se solos de Avena de Castro para Valsa Opo 69 Nº 2 (Chopin) e Eponina (Ernesto Nazareth), entre outras. O álbum é parte de projeto maior que inclui o livro Sábado à tarde — Avena de Castro e a vida musical em Brasília nos Anos 60; e um caderno de partituras, com 23 choros do citarista.
Produção independente, com o apoio do FAC-DF. Informações: bethernestdias.com
Sandra Duailibe (Celebrizar)
Maranhense adotada por Brasília, a cantora e compositora Sandra Duailibe tem presença marcante nos palcos da cidade. Com cinco CDs lançados, que receberam boa avaliação — inclusive fora dos limites do Distrito Federal — ela chega em breve ao mercado com o primeiro DVD. Intitulado Celebrizar, gravado no Teatro Paulo Gracindo do Sesc, do Gama, esse projeto reflete, de certa forma, o eclético gosto musical da intérprete. Entre as 14 faixas, há a recriação de clássicos como A barca do destinto (Billy Branco), Lembra de mim (Ivan Lins/ Victor Martins), Resposta ao tempo (Cristovão Vastos e Aldir Blanc), A vizinha do lado (Dorival Caymmi), Isto é o meu Brasil (Ary Barroso) e Por enquanto (Renato Russo). Ela fez o registro também de Estou de bem com a vida, de Carlos Elias, e na abertura do repertório interpreta a canção-título do trabalho, que compôs com Marco Duailibe e Marcia Duailibe Forte. Acompanhada por banda liderada pelo violonista Agislson Alcântara, tem como convidados Fernando César (violão 7 cordas), Nicolas Krassic (violino), Ocelo Mendonça (violoncelo), Pedro Vasconcellos (cavaquinho) e Victor Anggeleas (bandolim).Produção independente (com apoio do FAC-DF).
Toda em si (Ana Reis)
Com presença marcante na cena musical de Brasília há 12 anos e participação em projetos diversos, a cantora e compositora Ana Reis lançou, em 2011, o CD Quisera eu. O novo trabalho dela é Toda em si, o DVD gravado no Teatro Newton Rossi, do Sesc, em Ceilândia, que está chegando às lojas. “Esse é um trabalho em que me coloco mais como intérprete. Com o CD, passei a ser vista como sambista. Já nesse projeto, eu abri o leque, em termos e gêneros musicais”, ressalta. Entre as 15 faixas do DVD ela incluiu músicas que compôs em parceria com Climério Ferreira (Um fado de amor), Bruno Patrício (Quase de manhã) e Túlio Borges (Concreto, amor e canção). Em paz (Alexandre Carlo/ Natiruts) e Conterrâneos são algumas das regravações.Produção independente. Preço: R$ 30.