A advogada Ariadne Martins, de 29 anos, é o nome à frente do processo movido na Justiça do Distrito Federal contra as empresas que venderam ingressos para a turnê de Sandy e Junior em todo Brasil. A brasiliense disse ser “apaixonada pela dupla, mas, ainda mais por justiça”.
“Meu propósito foi fazer algo justo para consumidores e não só por ser fã de Sandy e Junior.”
Na ação, a advogada apontou indícios de que as vendas realizadas para os shows foram “fictícias e simuladas”. O pedido, em caráter liminar (urgência), foi acatado pelo juiz da 14ª Vara Cível de Brasília.
Com isso, as duas empresas citadas têm até cinco dias para informar a quantidade total de ingressos vendidos, bem como o número de bilhetes comercializados por CPF. Elas foram notificadas nesta quarta-feira (3). Em caso de descumprimento da ordem, a multa aplicada pode chegar a R$ 50 mil por dia.
Em nota, a Ingresso Rápido disse que “vai se pronunciar no prazo da lei”. A Live Nation Brasil afirmou que “não irá se pronunciar sobre o assunto”.
Fãs fazem fila no Centro de Convenções para compra de ingressos — Foto: Marília Marques
Sem ingressos
A autora do processo contou ao G1 que tentou comprar os ingressos pela internet e, duas horas antes da abertura das vendas, “estava na posição 400 mil na fila de espera para o show em Brasília”.
“Fui dormir às 5h da manhã e presumi que era uma fila nacional. No dia seguinte, ainda não tinha chegado a minha vez.”
“Suspeito de algum tipo de manobra”. Ariadne afirma que conversou com outros fãs pelas redes sociais e reuniu depoimentos de quem se diz “lesado” por não ter conseguido os bilhetes.
“Abri uma petição pública e vi que era o mesmo ‘modus operandi’ em todo Brasil.”
Advogada Ariadne Martins, de 29 anos, posa ao lado de Sandy — Foto: Arquivo pessoal
Entre as denúncias, a advogada cita suspeitas de que cambistas compraram os ingressos para revender a preços maiores.
Apesar de não ter conseguido comprar os bilhetes, Ariadne diz que não desistiu do sonho e planeja ir às apresentações da dupla em Brasília, Recife e em São Paulo. “Sou fã de Sandy e Junior desde que me entendo por gente”.
“Fiz um pedido de auditoria que beneficia todo mundo. Meu interesse não foi dinheiro e nem é por ingresso. Quero mostrar o que está acontecendo.”
O processo
Na ação enviada à Justiça, a fã da dupla pediu à Corte que cancelasse as compras que infringiram a regra da venda de ingressos em shows e recolocasse os bilhetes à venda. De acordo com o regulamento, só é permitida a compra de até seis entradas inteiras e de duas meias por CPF.
Sandy e Júnior — Foto: Divulgação
O juiz, no entanto, afirmou que, no momento, não atenderia ao pedido de cancelamento por não considerar adequada uma determinação do tipo sem antes obter informações suficientes sobre o caso. Por isso, pediu o relatório às empresas responsáveis pelo evento e pela comercialização dos ingressos.
Em Brasília, o valor dos ingressos varia de R$ 260 a R$ 520 a inteira. No resto do país, as entradas foram anunciadas com valores entre R$ 70 e R$ 3.200.
Venda em Brasília
A venda presencial dos ingressos na capital federal durou pouco mais de duas horas. Na sexta-feira (22), quando os guichês foram abertos, o G1 foi até o Centro de Convenções – onde os bilhetes eram comercializados.
No local, fãs reclamaram da presença de cambistas e de mulheres com crianças no colo que usavam o benefício do atendimento preferencial.
Sandy e Junior
A turnê da dupla foi lançada no dia 13 de março. O evento celebra os 30 anos de carreira dos irmãos, que resolveram percorrer parte do Brasil lembrando os antigos sucessos.
As apresentações acontecem ao longo do segundo semestre de 2019. O show em Brasília está marcado para o dia 20 de julho.