Ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apresentou números para afirmar que parte do desmatamento identificado pelo Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter) e divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em junho deste ano não ocorreu naquele mês, o que causou, de acordo com ele, um “sensacionalismo” nos dados.
Bolsonaro, por sua vez, chegou a comparar dados alarmantes com a conta de energia elétrica e defendeu que números altos deveriam ser submetidos ao alto escalão antes da divulgação.
O Deter registrou uma área de desmatamento de 878,71 quilômetros quadrados em junho deste ano e emitiu 3.250 alertas de desmatamento no período. Desse total, equipes do Ibama e do Inpe analisaram 493 quilômetros quadrados, ou seja, 56% da área dos alertas.
Números citados por Salles apresentam que o desmatamento de 31% da área analisada, ou seja, de 265 quilômetros quadrados, não ocorreu em junho de 2019, como informado pelo sistema. Ele mostrou exemplos de algumas ocorrências de 2018 que não teriam sido computadas no período adequado.
O Inpe detectou que houve um aumento de 88% no desmatamento em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior. De acordo com Salles, devido às falhas no monitoramento, não é possível apontar qual foi o porcentual real do período.
Para o presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento é abaixo desse índice porque não se levou em conta áreas superpostas e recuperação vegetal ocorridas após ocorrências de desmatamento.
O presidente chegou a comparar o dado com o aumento no preço da conta de luz de um cidadão comum. “Um simples cidadão, quando vê que a conta de luz dobrou de um mês para outro, vê que alguma coisa está errada”, disse Bolsonaro, citando um “gato” no vizinho ou perda de energia na rede.
Divulgação
Bolsonaro afirmou que a divulgação dos dados sobre desmatamento feita pelo Inpe teve objetivo de prejudicar seu governo e a imagem do País no exterior. “O estrago praticamente já está feito fora do Brasil”, comentou.
Ele defendeu que os servidores deveriam comunicar eventual número alarmante para o ministro do Meio Ambiente antes de divulgar os dados publicamente. “Não queremos abafar nem deixar de divulgar absolutamente nada, mas no meu entendimento não houve responsabilidade para divulgar um número como esse.”
A defesa de tratar os dados internamente, quando graves, havia sido feita na coletiva anteriormente pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.