Cantor vai dividir o palco com Zizi Possi em participação especial da brasileira
Peppino di Capri não queria ser mais um a usar jaqueta de couro e calça rasgada quando desistiu da carreira de roqueiro. Até gostava da contestação que vinha com a rebeldia naqueles anos 1960, mas a estrada vislumbrada pelo cantor e compositor italiano era mais longa. Tão longa, que ele chega aos 79 anos com um fã-clube nada desprezível e o título eterno de maior cantor romântico da música italiana. Com a turnê Per amore, ele retorna a Brasília depois de passar por aqui em 2017.
Ao país, ele já veio algumas vezes. E gosta muito. “Vir ao Brasil é sempre um prazer, considero o Brasil como minha segunda casa, pela simpatia, amabilidade e carinho com que sou tratado por aqui. Achei Brasília uma cidade particular, com uma arquitetura incrível, tirei muitas fotos, inclusive”, garante. “O que posso dizer sobre meus shows no Brasil, este ano, é que meus fãs poderão ouvir e cantar comigo as canções de sucesso, com a mesma vibração do show que fiz em Brasília em 2017 e cuja plateia me encantou de modo particular!”
No palco, Peppino terá a companhia de Zizi Possi em algumas canções para um dueto inédito. É uma participação especial da cantora brasileira que mais se aproximou da música italiana nos últimos anos. Em 1997, ela gravou o elogiado Per amore. “A participação de Zizi Possi será, para mim, uma nova e agradável experiência. Exceto em alguns programas de tevê na Itália, nunca dividi o palco com outro artista, mas a qualidade da cantora e seu profundo conhecimento da música italiana, em especial a napolitana, me fizeram encarar esse desafio”, avisa o cantor.
Início
O nome de Peppino di Capri começou a despontar na cena musical internacional nos anos 1970, quando venceu duas edições do Festival de San Remo e uma do Festival de Nápoles. São dessa época as canções Champagne e Un grande amore e niente piu, dois sucessos que, até hoje, precisam estar nos repertórios dos shows. Mas o romantismo não foi a primeira opção do músico, que nasceu na ilha de Capri e foi batizado como Giuseppe. As aulas de piano clássico na adolescência logo foram abandonadas quando ele começou a tocar no Duo Caprese, com o baterista Ettore Falconieri, na década de 1950.
Ali, decidiu que faria carreira no rock. Mais tarde, com um guitarrista e um saxofonista, o duo se transformaria nos Capri boys. Pat Boone e Buddy Holly eram as inspirações para os garotos, que até fizeram sucesso, gravaram alguns discos e a abrirem um show dos Beatles, mas a banda se desfez no final dos anos 1960. Dali em diante, seria Peppino e seus rockers, donos de um repertório ancorado na mistura de rock com música napolitana. Peppino decidiu dar novo rumo à carreira. “Acho que deu certo…”, brinca. No disco mais recente, Una musica infinita, álbum pensado especialmente para o Natal, três novas músicas — Anche se, Sogno di uma sera d’Estate e I miei capelli bianchi — passaram a integrar o repertório. Nesta última, o italiano reflete sobre o envelhecimento, a carreira e a paixão pela música. Foram, afinal, mais de 500 canções ao longo da carreira.
SERVIÇO
Per Amore
Per Amore
Show de Peppino di Capri com participação especial de Zizi Possi. Hoje, às 22h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Auditório Master. Poltrona superior: R$150,00. Superior visão parcial: R$150. Poltrona especial: R$210. Poltrona Gold lateral: R$220. VIP: R$250. Premium: R$350. VIP Lounge: R$500. Valores referente à meia entrada e sujeito a alteração sem prévio aviso. Meia-entrada: estudantes, idosos acima de 60 anos, professores da rede pública e funcionários públicos.
ENTREVISTA: PEPPINO DI CAPRI
Seu estilo mudou muito ao longo dos anos, desde quando fazia versões de My girl até Roberta e Champanhe. Foi ficando mais romântico. O que operou essa mudança?
O tempo faz com que todos nós procuremos outros caminhos, outras experiências. Na minha juventude, nos anos 1960, o rock era uma forma de contestar os padrões vigentes, mas após esse período, pensei muito e cheguei à conclusão de que não queria mais ser “mais um” com roupas diferentes, com 500 botões no paletó, e decidi apostar no lado mais romântico, mais melódico. E como dá para ver, acho que deu certo…
O que não pode faltar na música romântica? E que lugar ela tem hoje na música contemporânea?
O que não pode faltar, seja na música romântica como em qualquer outra música de boa qualidade, é a harmonia, os arranjos bem concebidos, as letras que fazem o público viver ou reviver momentos particulares. Para mim, a música tem que ter melodia. Hoje em dia, a música em geral está muito mais técnica, com muitos efeitos, computação… Eu respeito, mas prefiro continuar com meu romantismo
O senhor gosta da música italiana feita hoje? Ela ainda é romântica?
A música italiana mudou muito, como a música do mundo todo. Hoje em dia a tecnologia prevalece, o que por um lado é bom, mas por outro acaba tirando um pouco o romantismo de velhos tempos. Não tenho preferência, não por não gostar, mas sou ainda fiel às minhas raízes.
Em 2016 o senhor lançou três músicas novas, sendo uma delas I miei capelli bianchi. O que os cabelos brancos mudam na vida de um dos ícones da música romântica?
Os cabelos brancos significam a vivência, a experiência, a longevidade. I miei capelli bianchi de certa forma é uma música que reflete o tempo de minha vida, a caminhada já percorrida, mas ainda com esperança de poder contribuir para um mundo mais pacífico e acolhedor.
Fonte Correio Braziliense