O setor de economia criativa, que engloba uma série de profissões, teve um salto no número de postos de trabalho de 2021 para 2022 e fechou o primeiro trimestre do ano com 7,14 milhões de trabalhadores ocupados. Esse número é 12% maior do que o mesmo período do ano anterior, o que representa 814 mil novos postos de trabalho na área.
Segundo os dados da nova análise do Observatório Itaú Cultural, isso supera até os números de 2020, com um começo de ano ainda sem o impacto da pandemia e que contabilizava 6,84 milhões de vagas.
Economia criativa reúne as áreas de cultura, moda, design, arquitetura, artesanato, comunicação, publicidade e outras especialidades. O levantamento se baseia em dados do próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.
Os denominados trabalhadores especializados em cultura foram os que viram o maior crescimento de oferta de postos de trabalho, mas isso depois de uma forte queda, de 27%, em 2020 e 2021.
Eduardo Saron atribui essa recuperação do setor, que foi o primeiro a fechar e ainda está em processo de retorno, sobretudo ao incentivo da Lei Aldir Blanc, que também foi fundamental para atenuar o fechamento dos postos de trabalho no momento mais duro da pandemia.
“Você vê uma queda monstruosa do primeiro trimestre de 2020 para o do ano passado. E de lá para cá vemos um acréscimo de 32%. Isso certamente é fruto de política pública”
, diz Saron. Esse segmento em específico também não chegou ao patamar de emprego do período antes da pandemia, em 2020.
O diretor do Itaú Cultural também aponta que o programa de incentivo estimulou a criação de trabalhos de apoio, contadores e advogados, por exemplo, que faz com que a atividade cultural aconteça burocraticamente. O número de empregos nessa área saltou em 24%, um acréscimo de mais de 530 mil postos.
O rendimento médio no setor como um todo, no entanto, caiu nesse período em relação ao mesmo do ano anterior. O ganho foi de R$ 4.902 para R$ 3.916.
“O país está fragilizado economicamente. Naturalmente, essa diminuição acontece para o conjunto dos trabalhadores do Brasil. Mas se você vê o rendimento médio da economia de maneira geral, que também caiu, a economia criativa ainda está à frente”
, avalia Saron.
O levantamento também mostra que as mulheres foram as mais atingidas nesse período de pandemia. Apesar de tanto homens quanto mulheres terem recuperado o nível de emprego do período antes da crise sanitária, elas demoraram mais para voltar a esses patamares e também tiveram uma queda maior.
De 2020 para 2021, os postos de trabalhos entre mulheres caíram 4%, enquanto a queda para os homens foi de 1%. E isso mesmo que o setor, como um todo, tenha adotado o trabalho remoto significativamente, segundo o levantamento.
“Em virtude da pandemia, com as mulheres terem continuamente uma jornada tripla e segurarem a onda de casa, dos filhos, elas foram as que mais foram impactadas. É bom lembrar que a gente foi um dos países que ficou com as escolas fechadas por mais tempo. Isso tem uma repercussão imensa numa casa em que a mulher, na maioria das vezes, é quem segura o trabalho num país tão patriarcal.”
, finaliza.
*Com informações da Folha