Uma mistura de óleos, ervas e outros produtos naturais são alguns dos componentes da fórmula caseira de sabonetes medicinais com propriedades que auxiliam o crescimento de cabelo, desenvolvida pelo engenheiro químico Gino Capobianco e o pai, Giuseppe Capobianco.
Segundo Gino, que é aluno do curso de pós-doutorado em engenharia de materiais com foco na área de nanotecnologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a receita foi desenvolvida há aproximadamente 10 anos. Ele explicou que a fórmula não foi criada intencionalmente. “Foi um invento bem esporádico. O meu pai começou a fazer sabão com produtos naturais e as pessoas conhecidas que compravam usavam para várias coisas, como lavar a roupa. Mas elas também usavam para tomar banho, e foi aí que alguns começaram a comentar conosco que o sabonete estaria induzindo o crescimento de pelos e cabelos”, disse.
Sem dinheiro para continuar a pesquisa por conta própria, Gino procurou pelo assessoramento da Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi), da UEPG, que ajudou na divulgação do invento até que uma indústria química demonstrasse interesse em fabricar produtos a partir da fórmula caseira criada por ele e pelo pai.
Após algumas pesquisas, foi constatado que a fórmula natural presente no sabonete trata, com sucesso, alguns problemas que atingem o couro cabeludo e que podem causar calvície como excesso de oleosidade, seborreia, fungos ou bactérias. Gino explicou que as propriedades cosméticas da base vegetal dos sabonetes evitam a queda e promovem o crescimento e o fortalecimento dos fios. “Em alguns testes que fizemos, percebemos que o uso em um período de 15 a 60 dias ajudou na diminuição da queda e, em alguns casos, no crescimento de cabelos”, disse o pesquisador.
O pesquisador acredita que a base dos sabonetes é inovadora entre os produtos que ajudam no combate à calvície que já estão no mercado por causa da fórmula natural, que não contém nenhum tipo de medicamento ou fórmula química. “É bom frisar que a base do sabonete ajuda a combater apenas uma das causas da calvície, já que que o problema também pode ser hereditário, matabólico ou hormonal e cada uma delas tem uma forma de tratamento”, explicou.
A base natural dos sabonetes foi patenteada pelo pesquisador em 2008. Desde então, ele procurava uma forma de divulgar o produto, até que encontrou o apoio necessário na UEPG. A universidade encontrou uma empresa disposta a comercializar os sabonetes. Segundo o diretor da Agipi, João Irineu de Resende Miranda, esta é a primeira vez que a universidade gerencia uma pesquisa que foi feita fora da UEPG.
“Eu queria vender a patente do produto para uma empresa que se interessasse”, disse o pesquisador. O proprietário e químico responsável de uma empresa de Ponta Grossa, Sander Luiz Braz, se interessou pelos sabonetes e assinou um contrato de licenciamento de patente, no dia 6 de março, com Gino.
Desde então, a empresa passou a expandir os estudos em cima da fórmula-base do sabonete visando a produção de cosméticos como shampoos, condicionadores e até loções pós-barba. “Agora nós iniciamos a etapa de testes com as misturas da fórmula-base com outros compostos, que resultam nos produtos que pretendemos fabricar. Também começamos novas pesquisas em cima da base dos sabonetes, testes e também a parte burocrática, que é a solicitação do registro de cada um dos novos produtos na Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa). Essa aprovação da Anvisa demora uns seis meses para chegar”, esclareceu o químico responsável pela empresa que comprou a patente em um acordo administrativo.
O empresário e químico revelou que a previsão é de que todo o processo de fabricação dos produtos com a matéria-base dos sabonetes medicinais de Capobianco recebam um investimento em torno de R$ 2 milhões. “Nós já estamos entrando com R$ 300 mil logo de cara, a própria UEPG está assessorando para novos créditos e parcerias”, disse Braz.
“Para a região dos Campos Gerais, eu vejo isso com muito bons olhos em todos os sentidos. Fico orgulhoso, pois o produto é promissor. É algo que, se der certo, vai gerar muito emprego, renda para Ponta Grossa e valorização da UEPG. Tende a dar certo em todo o segmento”, diz Braz otimista. Ainda segundo ele, a previsão é de que os produtos com base na fórmula natural dos sabonetes comecem a ser vendidos daqui a dois anos.
(Foto: Pesquisador acredita que fórmula natural é o que faz os
sabonetes serem inovadores)