Os recursos estavam na residência do prefeito de Granjeiro, região de Cariri, João Gregório Neto, o João do Povo (PSD)
A Polícia Federal encontrou R$ 213 mil em dinheiro vivo na residência do prefeito de Granjeiro, região de Cariri no Ceará, João Gregório Neto, o João do Povo (PSD), de 53 anos. As cédulas estavam estocadas em caixas de sapato, segundo os investigadores da Operação Bricolagem, deflagrada nesta quarta 21/11), para desarticular desvios e fraudes em licitações de prefeituras do Cariri.
Segundo a PF, o prefeito movimentou em torno de R$ 26 milhões em apenas dois anos na conta de um familiar beneficiário de aposentadoria rural.
Granjeiro tem cerca de 4.500 habitantes e fica localizada a 450 quilômetros da capital Fortaleza. A Operação Bricolagem foi deflagrada pela PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU).
Segundo a Controladoria, empresas e executivos se organizavam para fraudar licitações em municípios cearenses, notoriamente na Região do Cariri.
Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Granjeiro, Juazeiro do Norte, Aurora, Várzea Alegre e Caririaçu. A ação mobiliza oito auditores da CGU e 60 policiais federais.
Ninguém foi preso na Operação Bricolagem. O Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5) não autorizou a custódia de nenhum investigado. A investigação partiu de denúncia que atribuía ao prefeito João do Povo, eleito pela coligação “Por um Granjeiro Melhor”, a atuação de forma direta e decisiva na execução de obras públicas, “em acordo com as construtoras contratadas, mediante a devolução de valores pagos àquelas”.
Fraudes
Entre as fraudes levantadas, segundo informou a Controladoria, estão o uso de empresas aparentemente de fachada, cuja participação em licitações servia como espécie de “cobertura” ao processo de contratação.
Segundo a Controladoria, a intenção era dar aspecto de legalidade a certames já direcionados. “A atuação ocorria em conluio e de forma simultânea em diversas localidades”, destacou a Controladoria.
A força-tarefa confirmou, ainda, movimentação financeira anormal de dinheiro em nome dos investigados, com destaque para o recebimento de valores milionários por parte das empresas. Também houve pagamento pela prestação de serviços que não se realizaram, com uso de verbas do Programa Nacional de Transporte Escolar (PNATE).
A PF informou, em entrevista transmitida pelo site Miséria, do Ceará, que existem ‘indícios muito fortes de fraudes’ em licitações para construção de escolas, uma com 12 salas e outra com 6. Segundo a PF, quem executava as obras ‘era o próprio prefeito, ele mesmo comprava o material, se encarregava da contratação de pessoal’.
Os investigadores encontraram nos locais das obras trabalhadores sem nenhuma garantia, sem carteira assinada e nenhum equipamento de segurança.
A PF confirmou que na residência do prefeito, além de R$ 213 mil em caixas de sapato, foi apreendida uma máquina de contar dinheiro, veículos, notas fiscais, processos licitatórios e de pagamentos.
A reportagem buscou contato com o prefeito João Gregório Neto, o João do Povo, no entanto não obteve respostas.