Conduta foi flagrada em vídeo; ‘inadmissível’, diz secretário de Segurança. Corporação abriu inquérito, e Polícia Civil apura se disparos deixaram algum ferido.
O Comando-Geral da Polícia Militar do Distrito Federal decidiu manter em serviço – sem afastamento preventivo ou troca de função – os dois policiais que foram flagrados, em vídeo, disparando armas de fogo durante atos na Esplanada dos Ministérios, nesta quarta-feira (24). Uma investigação interna foi aberta para apurar a conduta dos dois PMs.
Em nota, a PM diz que “o inquérito se encontra ainda no início e, durante o decorrer das apurações, serão garantidos e respeitados todos os direitos de ampla defesa e contraditório, assim como determina nossa legislação”, e que eventuais punições “só serão efetuadas ao final do processo apuratório em questão”.
O G1 perguntou, mas a PM não informou se esses dois policiais atuam no patrulhamento de rua, ou se foram retirados de funções administrativas para reforçar o efetivo no protesto. Segundo a corporação, eles já foram identificados e interrogados como parte do inquérito.
O protesto contra o governo federal terminou com nove pessoas detidas por crimes de “menor potencial ofensivo” – desacato, porte de drogas, resistência, danos ao patrimônio, porte de arma branca e pichação. Todos assinaram termo circunstanciado e foram liberados. Segundo a Polícia Civil, nenhum deles mora no DF.
‘Não recomendado’ e ‘inadmissível’
Imagens divulgadas pelo jornal O Globo mostram dois policiais militares sacando as pistolas e atirando contra manifestantes. O vídeo foi feito nas imediações do Ministério da Agricultura. “Bora recuar, bora recuar”, diz um dos policiais, durante os disparos.
“Temos que analisar todas as circunstâncias, como o policial se sentiu [no momento]. Foi uma situação não recomendada, mas já estamos apurando”.
Nesta quinta (25), o secretário de Segurança Pública, Edval Novaes, foi mais enfático e afirmou ao G1 que a conduta é “inadmissível”. Apesar disso, segundo ele, o afastamento dos PMs não é automático, e depende de uma decisão assinada pelo Comando-Geral da corporação.
“Ele está avaliando, acho, não sei se já tomou uma decisão. O inquérito policial militar foi aberto à noite, os PMs foram identificados e interrogados. O inquérito tem prazo legal de 30 dias, podendo ser renovado se houver necessidade”, informou Novaes.
Um participante do protesto foi internado após levar um tiro no rosto, e seguia internado, sedado e respirando por aparelhos até a tarde desta quinta (25). A Polícia Civil investiga se o caso tem relação com o episódio envolvendo os policiais.
“O primeiro levantamento é para saber, justamente, de onde saiu o disparo. Acho que vamos levantar isso hoje à tarde, o ponto exato onde essa pessoa foi socorrida. Aí, a gente vai entender se é possível que o tiro tenha relação com os PMs, ou não”, diz o secretário.