Policiais militares e governo prometem endurecer um contra o outro. Em reunião realizada no fim da tarde de ontem, integrantes da cúpula da segurança pública do Distrito Federal decidiram fechar qualquer possibilidade de diálogo com os dirigentes das associações vinculadas à Operação Tartaruga, iniciada há mais de dois meses. Enquanto isso, a maioria das 14 entidades da categoria anunciou a radicalização do movimento ao prometer diminuir ainda mais o ritmo no atendimento das ocorrências.
Pela manhã, o governador Agnelo Queiroz rompeu o silêncio sobre a mobilização de PMs e bombeiros. Em solenidade em Brazlândia, ele criticou duramente a Operação Tartaruga: “A categoria tem todo o direito de reivindicar. O que não pode é colocar em risco a vida da população. O GDF vai tomar todas as medidas necessárias para que Brasília não se torne refém do medo”. Agnelo, porém, não citou nenhuma delas.
Mas, no fim do dia, a Secretaria de Comunicação informou que o Conselho de Disciplina da PM vai instaurar um procedimento investigativo contra dois PMs apontados como lideranças do movimento, o subtenente Ricardo Pato e o tenente Jorge Martins, esse último conhecido como Tenente Poliglota. Pato deu diversas entrevistas ontem comemorando o aumento da violência do DF, considerando uma vitória da Operação Tartaruga. Poliglota tem um blog, no qual mantém textos insuflando os colegas a endurecer o atraso no atendimento à população. Também não poupa críticas aos superiores.
“Mais de 50% da categoria aderiu à Operação Tartaruga, o que, para nós, é um sucesso. A população está nos apoiando porque está vendo o que nós passamos e como nosso trabalho é necessário”, argumentou. Ele acrescentou que os PMs não cometem ilegalidade. “A Polícia Militar não está em greve, todas as viaturas estão circulando. A diferença é que o trabalho, agora, não tem o esforço a mais de todos os dias. Não estamos mais ultrapassando a velocidade máxima permitida da via para atender ocorrências e também não estamos nos articulando no local do crime para investigar e prender os responsáveis porque esse é um trabalho da Polícia Civil”, afirmou o subtenente