Mais dois casos de feminicídio foram registrados no Distrito Federal, contabilizando 25 mortes de mulheres em 2019, conforme levantamento do Correio. No domingo, Adriana Maria de Almeida, 29 anos, morreu após levar 32 facadas do marido, Wellington de Sousa Lopes, 37. Ele conseguiu fugir e não foi encontrado até o fechamento desta edição. Na manhã de ontem, Tatiana Luz da Costa, 35, morreu no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Ela teve 90% do corpo queimado em 23 de setembro. De acordo com a polícia, Vanessa Pereira de Souza, 34, companheira de Tatiana, é a principal suspeita de atear fogo.
Adriana e Wellington estavam juntos há sete anos e tinham uma filha de 5 anos. Atualmente, moravam em um apartamento, localizado no Conjunto 4 do Setor Placa da Mercedes, no Riacho Fundo 1. O casal havia saído no sábado e retornou de carro para casa. No início da manhã de domingo, entre 8h e 9h, eles discutiram, segundo o delegado Mauro Aguiar Machado, chefe da 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo 1).
“Testemunhas relataram que houve gritos e, pouco depois, um silêncio. Eles não chegaram a estranhar a situação, pois o casal costumava discutir. A maior parte das brigas eram por causa de ciúmes de Wellington. No domingo, não foi diferente. A quantidade de facadas que o autor deu em Adriana mostra o quão possesso de ódio ele estava”, destacou o investigador. A criança do casal estava com familiares no fim de semana.
Mauro Aguiar explicou que Wellington usou uma faca do tipo peixeira para atacar Adriana. Ela morreu na sala e a arma do crime ficou no banheiro da residência. Depois da tragédia, o motorista de transporte pirata pegou roupas e outros pertences pessoais, colocou em uma mala e fugiu. Uma câmera de segurança da região flagrou o instante em que o acusado coloca seus pertences no banco de trás do veículo dele, um Fiat Palio Fire Economy prata — placa JHZ3082.
Wellington deu a partida no automóvel e deixou a casa às 9h25. O corpo de Adriana só foi descoberto mais de 10 horas após o assassinato brutal. Familiares da vítima se preocuparam quando ela não atendeu às ligações ou respondeu às mensagens do WhatsApp. “Dois parentes vieram até a casa e escutaram o som ligado, alto. Eles bateram na porta e, como ninguém atendeu, chamaram um chaveiro. Ao abrir a porta da residência, se depararam com a mulher já morta”, explicou o delegado.
Agora, agentes da 29ª DP estão nas ruas para tentar chegar até Wellington. O investigador Mauro Aguiar pediu ajuda da população para elucidar o caso. Quaisquer informações podem ser repassadas anonimamente pelo 197. “Não resta dúvidas de que o marido de Adriana é o autor. As imagens, relatos de conhecidos, assim como o histórico do relacionamento, indicam Wellington como suspeito”, garantiu.
De acordo com a Polícia Civil, Adriana abriu dois boletins de ocorrência contra o marido, em 2015 e 2017, respectivamente. Os casos ocorreram na Área de Desenvolvimento Econômico de Águas Claras e em São Sebastião, respectivamente. Em ambos os relatos, a vítima afirmou ter sido agredida e ameaçada de morte por Wellington. Ela chegou a receber medidas protetivas, mas revogou o pedido na Justiça.
Queimada viva
Tatiana Luz da Costa morreu às 6h15 de ontem, após sofrer uma parada cardiorrespiratória. A informação foi confirmada pela Polícia Civil. Ela estava internada em estado gravíssimo no Hran, desde que foi atacada pela mulher, Vanessa Pereira. O caso ocorreu em 23 de setembro, no Residencial Total Ville, em Santa Maria.
A vítima foi socorrida pelos bombeiros em casa com 90% do corpo queimado. O incêndio começou no sofá da sala e não se estendeu para outros cômodos da residência, graças a ação da corporação. Vanessa também precisou ser internada no Hran, pois sofreu queimaduras em 40% do corpo. Ela está presa preventivamente, em um leito da unidade, com escolta policial.
Segundo o delegado Alberto Rodrigues, chefe da 33ª DP (Santa Maria), com a morte de Tatiana, o caso evoluiu para feminicídio. “Quando ela deu os primeiros esclarecimentos, alegou que o incêndio foi acidental. Mas ela já havia mandado mensagens para a vítima, afirmando que iria matá-la queimada”, explicou o investigador.
Onde procurar ajuda
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
» De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
» Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
» Entrequadra 204/205 Sul – Asa Sul
(61) 3207-6172
Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar