A Polícia Civil cumpriu 19 mandados de prisão temporária, na manhã desta quinta-feira (31/10), a suspeitos de fraude e desvio na arrecadação da Companhia Energética de Brasília (CEB), gerando para a empresa um prejuízo estimado em centenas de milhões de reais. Também foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão nas residências dos envolvidos e na CEB.
Até o momento, foram presos 18 investigados. Entre eles, oito funcionários da CEB, um ex-funcionário demitido, cinco terceirizados e nove eletricistas autônomos. Foi preso também um funcionário da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), suspeito de atuar de modo semelhante na instituição.
De acordo com a investigação, que já dura seis meses, a organização criminosa é composta por, pelo menos, seis núcleos. Os ganhos do grupo eram por meio de vários serviços fornecidos pela companhia.
Entre as ações do grupo, estão a prestação do serviço solicitado a um valor mais baixo como se fosse particular, apesar de formalmente executado pela CEB e a realização de serviços ilegais, que vão desde adulteração nos medidores de energia elétrica até o fornecimento de energia em obras embargadas, mediante pagamento de propina.
Além disso, a organização crimonosa fazia a transferência de titularidade do ponto de energia sem o necessário pagamento de dívida acumulada para aquele cliente, de modo que o fornecimento é repassado para o nome de um terceiro e continua sendo realizado no mesmo endereço, sem que a dívida precise ser paga e sem que a CEB interrompa o fornecimento. Essa última modalidade foi realizada para empresas de grande porte do Distrito Federal, o que explica, ao menos em parte, o inadimplemento de mais de R$ 600 milhões dos devedores da CEB.
De acordo com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom), o objetivo da operação, denominada Apate, era reprimir a atuação do grupo criminoso e coletar mais provas dos crimes, além de aprofundar a investigação com o intuito de alcançar outros envolvidos. Como a investigação continua, a polícia não divulgará o nome das pessoas presas temporiamente.
Os crimes investigados são organização criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e estelionato contra a administração pública. Na operação, participaram cerca de 200 policiais da Divisão de Combate ao Crime Organizado (Draco) da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), com o apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Por meio de nota, a CEB afirmou que está apoiando a operação para que sejam coibidas fraudes e outras práticas contra os interesses da companhia. “É público que há consumidores que têm se utilizado de ligações clandestinas para promover furto de energia, como também houve recentemente uma operação policial para coibir a fraude em medidor praticada por uma empresa”, diz o texto.
Ainda na nota, a companhia afirma que a administração da CEB presta todo o apoio necessário às autoridades policiais na investigação. A medida vai ao encontro da firme atuação da atual gestão na redução da inadimplência e no combate às perdas, seja por furto ou por fraude, que prejudicam tanto a empresa quanto o consumidor honesto e bom pagador.