Vítima tinha 57 anos e foi morta a marretadas. Crime ocorreu por briga durante negociação de terreno, diz delegado.
Polícia Civil do Distrito Federal prendeu um suspeito de matar um homem de 57 anos a marretadas por desentendimento em negociação de terreno após um mês de investigação. A vítima foi encontrada a 12 metros de profundidade, em maio, dentro de uma cisterna na região de “Café sem troco”, que fica próximo ao Paranoá.
De acordo com o delegado-chefe da 30ª DP, que conduz as investigações, João Guilherme Carvalho, o corpo foi encontrado em maio a 20 metros de distância da casa do suspeito, onde foram achados o celular da vítima e sacos de cimento “idênticos” ao usado pelo suspeito para embalar o cadáver.
Junto ao corpo, também foram identificados restos de animal em decomposição. Segundo o delegado, o uso das carcaças foi uma tentativa de ocultar o assassinato. Ele afirmou que o pescoço da vítima ainda estava enrolado com um arame farpado.
“Se o crime tivesse sido cometido por outra pessoa, ele e quem morasse na residência teria presenciado a ocultação do corpo.”
Durante as investigações, a polícia também encontrou uma publicação do suspeito nas redes sociais em que diz: “Sou do tipo de amigo que ajuda outro a enterrar uma pessoa”.
“Ele confirmou que esteve com a vítima no dia anterior e que tinha usado o carro dele para pegar algumas ferramentas e devolvido”, disse o delegado. “Mas o carro foi encontrado carbonizado no mesmo dia.”
Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (29), o homem negou que tenha cometido o crime.
“Eu sou trabalhador, cidadão. Eu não precisava, não tinha nenhum motivo pra matar ele não. Ele era meu amigo.”
Segundo o delegado Carvalho, o crime teria sido motivado por um desentendimento na negociação de terrenos na região do “Café sem troco”.
“Ele ia trocar um terreno desvalorizado por um mais valorizado da vítima e pagaria R$ 7 mil no dia do crime. Mas que parece, [o suspeito] teria vendido o terreno com outra pessoa.”
Em defesa, o suspeito contou outra versão. “Ele disse que queria fazer uma casinha no terreno. Eu falei que faria o serviço pra ele e abateria do valor que ia pagar.”
O suspeito vai responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, crimes cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de regime fechado.
‘Pessoa de bem’
Em entrevista ao G1, uma mulher que afirmou conhecer a vítima, mas preferiu não se identificar, disse que ele era uma conhecido na região por ser uma pessoa de bem. “Ninguém tem nada para falar mal dele. Sempre foi uma pessoa tranquila e muito medrosa. Nunca se envolveu com nada, nada.”
Ela contou que, dias após o crime, visitou a filha dele – com quem também teria contato – e foi informada sobre o desaparecimento. “Ela disse que estava sumido e que tinham encontrado o carro dele todo queimado. Na hora pensei que tinham matado.”
Ainda segundo a suposta conhecida, a vítima era dona de dois terrenos em “Café sem troco” e já havia tentado negociar com ela. “Ele queria trocar com o meu em São Sebastião, mas eu não quis. Na época até brinquei que o meu era mais valioso.”