A jovem, de 20 anos, seguia para a faculdade quando, por volta das 16h30, recebeu uma facada no peito, em Taguatinga. O criminoso levou apenas o celular da jovem. Bombeiros ainda tentaram reanimá-la, mas ela morreu no local
“Eu sou uma longa história.” A frase, publicada em uma rede social há menos de uma semana por Jéssica Leite César, sintetiza a personalidade alegre e cheia de vontade de viver da jovem de 20 anos. Ontem, a estudante de jornalismo morreu com uma facada no peito assassinada, após o roubo de um celular. Segundo testemunhas, a universitária foi abordada por um casal, na EQNL 21/23, atrás da Igreja São Sebastião, em Taguatinga, por volta das 16h30, quando ia para a faculdade. O Corpo de Bombeiros chegou a prestar atendimento no local, mas Jéssica não resistiu. Ninguém foi preso e ainda não há suspeitos.
Embora existam indícios de que o crime tenha sido latrocínio — roubo seguido de morte —, a polícia ainda investiga o caso. De acordo com o delegado-chefe da 17ª DP (Taguatinga Norte), Flávio Messina, responsável pelo caso, a hipótese de homicídio não está descartada. “A menina teve apenas o celular levado, mas estava de mochila e com a carteira. Nada foi sequer mexido. Ela levou uma faca única, direto no coração. E isso não é comum”, justificou. Normalmente, segundo o policial, na correria de um assalto, golpes de arma branca não ocorrem em locais tão específicos.
s objetos da jovem deixados pelos assassinos foram apreendidos pela polícia e estão na delegacia. Muita abalada, a família de Jéssica, segundo Messina, não estava em condições de prestar depoimento. “É um caso muito estranho. Não dá para afirmar nada com certeza”, acrescentou o chefe da unidade policial. Jéssica foi encontrada na rua pelo Corpo de Bombeiros, que fez o atendimento emergencial, inclusive tentando reanimá-la.
Jéssica era órfã de pai e morava na QNL 19, com a mãe, Mônica, o irmão mais novo, Edson, de 15 anos, e dois cachorros da raça lhasa apso. “Mônica está desesperada, acha que a qualquer momento a Jéssica voltará para casa. Mas, infelizmente, isso não vai acontecer. Nossa vontade era descobrir que tudo isso foi apenas um triste mal-entendido”, contou o amigo de infância da estudante Heitor de Moura. O celular roubado da jovem era um iPhone modelo 4S, cujo valor de mercado não ultrapassa, hoje, R$ 500. “Mas foi comprado com um dinheiro suado, que ela ganhou trabalhando”, afirmou Heitor. Jéssica havia trabalhado em uma empresa de telemarketing e também na Universidade Católica de Brasília, onde cursava jornalismo. Segundo amigos, ela não tinha namorado.
Ontem, ela assistiria a uma aula de radiojornalismo. Quando soube da morte, a professora Angélica Cordova lamentou na internet: “Hoje, a voz da turma de radiojornalismo se calou. Apresentaríamos o nosso último programa do semestre. No corredor, a notícia que ninguém acredita: Jéssica Leite está morta”. Pouco antes de ser brutalmente, assassinada, Jéssica compartilhou pelo menos três postagens no Facebook, por volta das 14h. Em sua página, ela sempre aparecia sempre sorridente.
Comoção
A morte violenta da jovem causou comoção na internet. Amigos e colegas de turma de Jéssica postaram mensagens de apoio à família e de homenagem à jovem, que era fã de rock e de animais de estimação. Gabriel Dutra comentou: “Eu não estou acreditando…. Não consigo aceitar… Sdds (saudades) eternas de você”. Diego Luz deixou uma mensagem: “Minha irmã porruda. Saudades eternas”. A direção da Universidade Católica suspendeu as aulas noturnas do curso de jornalismo. Durante a noite, aproximadamente 30 pessoas foram à casa da família de Jéssica prestar solidariedade à mãe e ao irmão dela.