Distritais pressionam e governador pede apuração policial. Na Câmara Legislativa, deputados recolhem assinaturas para abrir CPI e a presidente da Casa, Celina Leão, aponta ex-chefe da Casa de Civil como suspeito da divulgação das gravações
Após pressão dos distritais, Rodrigo Rollemberg (PSB) acionou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para investigar o vazamento de áudios de uma reunião fechada entre parlamentares, secretários do GDF e o socialista no gabinete do governador. Na Câmara Legislativa, os deputados reagiram com o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar como as gravações foram parar nas redes sociais. A iniciativa foi de Bispo Renato (PR), e o requerimento ganhou de imediato a adesão da maioria.
Além dos pedidos de investigação, a divulgação dos áudios provocou bate-boca. A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), não poupou críticas ao ex-chefe da Casa Civil Hélio Doyle. Jogou a suspeita de vazamento das gravações sobre o ex-supersecretário e o classificou como “político frustrado”. A acusação vem duas semanas após Doyle deixar o governo e, na coletiva de anúncio da saída, dizer que faltava ética à deputada, além de citar interesses “não republicanos” de representantes do Legislativo.
Em reunião a portas fechadas no gabinete da presidência da Câmara Legislativa com o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, e o secretário de Relações Institucionais do DF, Marcos Dantas, os 24 deputados distritais assinaram requerimento para a abertura de investigação do episódio no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Enquanto os integrantes do Executivo tentavam dar um tom de conciliação, parlamentares pressionaram Rollemberg e cobraram declarações públicas do governador em repúdio ao episódio. Segundo Celina, Rollemberg deve “atuar de fato como governador e falar em público sobre o caso”. O pedido foi reiterado por outros deputados presentes no encontro vazado.
Em evento para lançar um aplicativo de transparência pública para celulares (leia matéria na página 23), Rollemberg confirmou ter acionado a polícia no caso. “Não faz parte da nossa cultura, temos tranquilidade sobre todos os assuntos tratados no meu gabinete. Não estou preocupado nem com vazamento nem com conteúdo das declarações. Isso será investigado”, disse.
Questionado se a relação com Celina e a Câmara vai piorar, o socialista afirmou ter sido importante a ligação com a deputada para “aprovar projetos importantes no primeiro semestre”. Por meio de nota, o GDF disse condenar veementemente o vazamento, e afirmou que a reunião foi “pautada por um debate de medidas” para dar governabilidade à gestão. Na ocasião, Rollemberg chamou os distritais para conversar sobre um segundo pacote de medidas para aumentar a arrecadação do governo. Entre os trechos vazados, o governador questiona os parlamentares sobre a ordem da pauta da Casa: “Como Agnelo fazia?”.
Embate
Os principais ataques partiram de Celina Leão (PDT) contra Hélio Doyle. Em um primeiro momento, quando saía do encontro, a pedetista afirmou estranhar não existirem falas do ex-supersecretário nas gravações. “Engraçado, a fala do secretário Doyle não consta. Acho que ele sair atacando o poder e, logo depois, vazar o áudio sem a fala de quem estava lá é, no mínimo, suspeito”, disse. As críticas se estenderam ao plenário.