Ele responde por homicídio doloso; agente federal foi afastado das ruas. Tiros também feriram outro homem; atitude teve motivo fútil, diz MP.
O policial federal Ricardo Matias Rodrigues virou réu na Justiça do Distrito Federal e passa a responder por homicídio doloso, acusado de matar um homem durante uma festa em uma embarcação no início do mês. Os disparos do agente também acertaram outro participante da festa, que precisou ficar internado na UTI, com uma bala alojada no tórax.
Em outra ocasião, o advogado dele, Antônio Rodrigo Machado disse que a atitude era “proporcional” e que o agente é “um policial exemplar”.
“Os crimes foram praticados com emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas, eis que, desarmadas, foram surpreendidas pelos súbitos disparos de arma de fogo, desferidos por pessoa que não estava envolvida diretamente no entrevero.”
Por decisão do juiz Paulo Rogério dos Santos, o agente teve o porte de arma suspenso e foi afastado das atividades de rua. De acordo com a decisão, ele deve trabalhar apenas na área administrativa.
O policial também está proibido de participar de eventos festivos, de sair à noite e deve comparecer a um órgão de Justiça para informar atividades e endereço até que os fatos sejam esclarecidos. Se essas medidas forem descumpridas, a prisão preventiva – sem tempo determinado – pode ser decretada.
‘Confusão generalizada’
Em depoimento na 5ª DP (Asa Norte), o agente da PF disse que estava com a mulher na festa, quando surgiu “uma confusão generalizada entre dois ou três casais”. Ele declarou que não estava envolvido na briga.
Ao se sentir ameaçado, o policial relatou que avisou estar armado e que deu mais de uma ordem para que os dois não se aproximassem. Então, disparou na região do abdômen de cada um. De acordo com a Polícia Militar, a situação ocorreu porque “uma das vítimas passou a mão na mulher do policial”.
O próprio policial federal se apresentou à delegacia e entregou a arma utilizada. Ele foi liberado após se comprometer a comparecer à Justiça. O caso é investigado como homicídio e tentativa de homicídio. A defesa do policial afirma que a atitude tomada foi “proporcional”. Mesmo sem afastá-lo, a corporação informou que vai apurar a conduta dele.
Versões
Atingido por um tiro disparado, o gerente comercial Fábio da Cunha relata que ele não se identificou nem avisou que estava armado antes de atirar. A fala contradiz o depoimento do agente da PF, que declarou na delegacia ter agido em legítima defesa.
Cunha não corre risco de morte. Ele conta que foi baleado enquanto tentava apartar uma briga envolvendo um amigo. “[O tiro] Pegou no peito e eu já caí no chão”, afirmou.
Cunha relata que só interveio para tentar proteger o amigo, o funcionário do Banco do Brasil Cláudio Muller – que morreu no hospital e foi enterrado nesta segunda-feira (10). Ele deixou duas filhas, de 22 anos e 9 anos, e um enteado.
Segundo testemunhas, os disparos começaram após um desentendimento entre a mulher dele e a do policial.
A mulher de Muller, Valderly, disse à polícia que havia três aniversários no local. Ao sair do banheiro, ela relatou ter sido agredida com três tapas no rosto por uma das aniversariantes. Quando o marido dela foi “tirar satisfação” com o agente, ele atirou. Ela não explicou por que teria sido agredida nem se quem deu os tapas era casada com o policial.