Contrariando a legislação vigente, que proíbe a colocação de placas em locais públicos sem autorização, o governo conta com um arsenal de faixas e placas irregulares enaltecendo o trabalho do Executivo. Também é muito comum encontrar faixas assinadas por deputados nas entradas das cidades.
Enquanto ações de retiradas de placas são feitas quase diariamente, a fiscalização parece passar longe do Eixo Monumental. Ali, dezenas de banners atrapalham a visão dos motoristas e poluem os gramados, nas proximidades do Palácio do Buriti e do Centro de Convenções. Além da publicidade institucional, há faixas de autoria desconhecida fazendo agradecimentos ao governador Agnelo Queiroz. Segundo especialistas, a prática, além de inadequada e passível de punição, cria um cenário marcado pela poluição visual e é nociva à qualidade de vida da população.
Para o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo, a vasta quantidade de placas irregulares é reflexo da omissão do governo. “Não existe nada pior para uma cidade do que um governo omisso. Nesse caso, os governantes dão o mau exemplo. Além disso, não são modestos e espalhafatosos. Essas propagandas irregulares são reflexo disso”, destacou.
Segundo Frederico, a capital federal carece de um código de conduta adequado. “Isso tudo nasce da ausência de um código de postura na cidade. Esse código vai ensinar como o espaço urbano pode ser usado e como não pode. A poluição urbana é provocada pelo incômodo. Ocupa-se um lugar de algo que deveria estar livre. O que vemos é absurdo. Prejudica-se a passagem dos pedestres colocando as faixas”, afirmou o estudioso.
Em Brasília, segundo o professor, se prevalece a cultura das ruas. “A cidade é desorganizada nesse aspecto. O que prevalece é o que estabelecido nas ruas, que acaba virando epidemia. E o governo, por sua vez, não combate e muito menos muda esse discurso. Com isso, as pessoas sentem a oportunidade de fazerem coisas pessoais no espaço público, na medida em que isso deveria ser coibido pelas autoridades”, declarou o professor da Universidade de Brasília.