Se as cores são definidas pelos diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnético e isso ocorre para todos, qual é o problema dos daltônicos?
O problema dos daltônicos é que eles têm uma alteração de origem genética nos fotorreceptores, células que recebem a luz. Essa alteração faz com que eles não consigam distinguir determinados comprimentos de onda. Os fotorreceptores do tipo cone, que ficam no centro da retina e reconhecem as diferentes tonalidades, têm três picos de sensibilidade: para o azul, para o verde e para o vermelho. No daltonismo, esse pico de sensibilidade é defeituoso, o que faz com que os portadores da condição não distinguam direito o comprimento de onda associado a uma cor, o que acaba atrapalhando a maneira como se vê outras cores também. Ou seja, uma pessoa com alteração no pico de sensibilidade para vermelho também vai ter problemas para identificar o verde, por exemplo.
“Temos 3 tipos de deficiências de visão de cores, conforme o tipo de recepção alterada”, explica a oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho, diretora do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e chefe do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. A protané a cegueira congênita para o vermelho, a deutan é a cegueira congênita para o verde e a tritan é a cegueira congênita para o azul, a mais rara de todas.
As deficiências congênitas protan e a deutan são as mais comuns em homens, chegando a atingir aproximadamente 8% da população masculina e 0,4% da feminina. As pessoas que possuem alterações desses tipos têm dificuldade em distinguir cores na região espectral dos verdes das cores da região espectral dos vermelhos. “Tanto o verde como o vermelho aparecem como tons de marrom”, esclarece Keila. Quem tem a deficiência do tipo tritan fica com dificuldade em distinguir cores na faixa azul-amarelo.
Além das alterações de origem genética, sem cura, a alteração na percepção das cores também pode ocorrer devido a outros problemas. “Existem também defeitos de visão de cores adquiridos, isto é, dependentes de determinadas doenças que acometem a retina ou o nervo óptico”, explica a médica. Mas esses casos adquiridos são bastante raros.