Cerimônia, em 1957, foi na Praça do Cruzeiro. Meio século depois, parque recebeu cópia idêntica à que abrigou convidados de JK.
Entre a primeira missa realizada em Brasília, em 1957, e a inauguração do Taguaparque, em 2009, passaram-se 52 anos. Geograficamente, ainda há uma distância de 20 quilômetros entre um e outro.
A primeira missa foi na Praça do Cruzeiro, no Eixo Monumental, ponto mais alto de Brasília: 1172 metros de altitude. Mas décadas depois, os dois locais passaram a compartilhar uma característica em comum: a réplica da estrutura montada para o ato litúrgico.
Com objetivo de proporcionar aos pioneiros um pouco de “conforto espiritual” – como o próprio Juscelino Kubitschek escreveu depois em um livro sobre a construção de Brasília – o então presidente ordenou que fosse realizada uma missa em 1957, quando a capital federal ainda estava sendo erguida.
A data escolhida não foi à toa. Quatrocentos anos antes, Pedro Álvares Cabral ordenou que fosse realizada uma missa para marcar o descobrimento do Brasil.
Na visão de JK, a missa de 1957 equivalia em simbolismo. Ela representaria o segundo momento da história do país: a posse da totalidade do território brasileiro.
Cruz e estrutura de madeira
Na Praça do Cruzeiro, onde foi celebrada a missa, já havia uma cruz de madeira. Ela pertencia ao Sítio Castanho e era considerada, pela equipe de Juscelino Kubitschek, a verdadeira pedra fundamental do DF.
A cruz se tornou a referência geográfica para delimitação do território que viria a ser Brasília.
Uma estrutura de madeira e lona foi preparada para abrigar os convidados: 15 mil pessoas, ao todo. Além dos próprios pioneiros, eram pessoas de várias unidades da federação, principalmente Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Mudança para o Taguaparque
Em 2008, para homenagear a primeira missa da capital, o GDF instalou, no Eixo Monumental, uma estrutura para abrigar os fiéis. A Novacap, que foi encarregada pela réplica, tentou aproximar as duas instalações – de 2008 e de 1957 – em termos de características.
Elas se pareciam até mesmo no caráter temporário. Pelo menos foi essa a justificativa que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu para proibir a permanência da estrutura na Praça do Cruzeiro.
Na visão do professor emérito da UnB José Carlos Coutinho, uma decisão acertada. “As réplicas têm um perigo, o de serem confundidas com o original por quem não conhece”, afirma.
“Aquele toldo não existe mais, ele foi feito para cumprir essa finalidade naquele dia preciso e ser desmontado e dado destino a ele.”
Mas o GDF não queria desperdiçar o dinheiro investido na construção da tenda. Cerca de R$ 200 mil foram desembolsados para adaptar a estrutura à capital federal já consolidada e com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes (dados de 2008, do IBGE).
A lona foi substituída por uma estrutura de ferro e madeira, para dar mais sustentação. As hastes também tiveram reforço e passaram a ser de ferro. A Novacap também aumentou o vão central de 20 para 50 metros.
Depois de muita polêmica, Iphan e Novacap entraram em acordo. O toldo permaneceu no Eixo Monumental até maio de 2009, quando foi realizada nova missa para homenagear a primeira.
Depois, o destino dado à estrutura foi o Taguaparque, inaugurado naquele ano, no Pistão Norte. Mas muitos frequentadores não sabem que a tenda na na entrada do parque é a réplica da usada na primeira missa. O atual administrador, Daniel Leite, afirma que pretende instalar uma placa com as informações.
“Já era da minha ciência que as pessoas não sabiam a origem desse monumento, mas nós vamos providenciar e vamos colocar aqui para que todos agora fiquem sabendo.”