O posto Metta, que explodiu na noite desta quarta na rodovia Washington Luís, faz parte da rede de empresas do empresário Fernando Trabach, suspeito de ter criado o “fantasma” George Augusto Pereira, que fechou negócios milionários com diversos órgãos públicos.
O posto fica localizado ao lado da empresa Sinnal Visual Rio Comunicações e Produções, que tem como sócios a mulher e o filho do empresário. Segundos agentes da Delegacia Fazendária, que investiga Trabach, a GAP Comércio e Serviços Especiais, empresa investigada pela DelFaz que já foi visitada por agentes, fica num terreno atrás do posto.
Se o “fantasma” George Augusto Pereira existisse, sua vida seria bastante movimentada. Ele já vendeu imóveis, comprou apartamentos de luxo e assinou contratos milionários. Como George nunca existiu, três pessoas tinham “amplos poderes”, registrados em cartório, para desempenhar seu papel: o empresário Fernando Trabach e os advogados Marcos José Laporte de Souza e Geraldo Menezes de Almeida. Segundo investigações da Delegacia Fazendária (DelFaz), eles usavam o nome de George com objetivo de sonegar impostos e lavar dinheiro.
— Os três tinham permissão para representar George e, na prática, eram ele. Fernando é o principal articulador da trama e os dois advogados eram ligados a ele — afirma Izabela Santoni, delegada da especializada.
Trabach e Laporte tinham poderes “especiais e ilimitados” para gerenciar a vida do fantasma. Em duas procurações do dia 13 de outubro de 2011, George dá permissão para ambos realizarem uma lista de tarefas em seu nome, que incluem desde “comprar, vender e permutar imóveis”, “admitir empregados” e até “representá-lo em assembleias de condomínio”. Detalhe: o próprio George assina os documentos.
No dia 21 de agosto do ano seguinte, Laporte fez uso desses poderes: representando George, ele vendeu dois terrenos em nome do fantasma para a empresa City News Empreendimentos, que tem como sócios Mônica Lima e Fernando Trabach Filho, mulher e filho de Trabach.
Já Almeida, que é presidente da seccional da OAB em Duque de Caxias, tinha poderes menores: em procuração de 16 de setembro de 2010, ele é autorizado a gerir um imóvel de 2.500 m² de George, às margens da Rodovia Washington Luiz.
Procurados, Almeida e Laporte não atenderam à reportagem. Já o advogado de Trabach, Márcio Delambert, chamou a investigação de um “lamentável equívoco” e afirmou que “as empresas de seu cliente estão regularmente constituídas, além de absolutamente em dia com suas obrigações legais”.
Posto após explosão