Há 87 dias sem reajuste, o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras já registra uma defasagem de 20% em relação aos valores praticados no mercado internacional. É o maior patamar desde meados de maio. A diferença de preços está sendo impactada pela alta do barril de petróleo – puxada pelos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia – e pela desvalorização do real frente ao dólar. Já o diesel, reajustado no dia 10 de maio pela estatal, é comercializado no Brasil com uma defasagem média de 14%.
Com a demora do reajuste, principalmente da gasolina, a necessidade em tese de aumento de preços fica cada vez maior. Se a Petrobras quiser alinhar hoje seus preços aos do mercado internacional, terá de elevar a gasolina em R$ 0,95 por litro e o diesel, em R$ 0,78. A empresa vem sendo pressionada pelo presidente Jair Bolsonaro a manter os preços congelados, com o objetivo de segurar a inflação e, no plano político, diminuir o desgaste no momento em que o presidente disputa a reeleição.
Na Bahia, única refinaria de grande porte privatizada no País, os reajustes têm sido semanais. No último sábado, a Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe, elevou o preço da gasolina entre 3,2% e 4,6% e o diesel, entre 10% e 11%, dependendo do mercado.
“A situação está muito difícil. Além de inviabilizar as importações, os preços artificialmente baixos prejudicam os demais produtores dos combustíveis fósseis e pressionam os combustíveis alternativos, como o etanol”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.
VAREJO
Sem novos reajustes, o litro da gasolina vem registrando ligeira queda de preço nos postos de abastecimento, mas ainda assim se mantém acima dos R$ 7 na maioria dos mercados e continua sendo encontrada em alguns municípios por até R$ 8,50. É a mesma situação do diesel, também na casa dos R$ 7 na média nacional.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro da gasolina no País fechou a semana de 29 de maio a 4 de junho em R$ 7,218, 0,4% abaixo da semana anterior e com queda de 1% desde 14 de maio. O maior preço encontrado foi de R$ 8,490, e o menor, de R$ 6,180, ambos na região Sudeste.
O diesel também cedeu de preço no mesmo período, com queda de 0,5%, sendo negociado, em média, a R$ 7 o litro do S10, o menos poluente.
Fonte: Estadão