As festas juninas de Brasília referenciam origem da dança, mas desenvolvem características regionais que só um bom candango sabe reconhecer
Quem visita Brasília se encanta com a grande diversidade cultural que há na capital federal. A mistura de sotaques e tradições é uma característica marcante na cidade de JK que nem sequer chegou aos 60 anos de existência ainda. Em junho e julho, especialmente, com a grande quantidade de festas de São João e as apresentações das típicas quadrilhas. Segundo dados da Codeplan, em 2010, 603.386 moradores de Brasília eram originários do Nordeste, representando 51,8% dos imigrantes residentes dentro da unidade federativa.
“A população do DF é formada em sua maior parte por nordestinos, que vieram desde a construção de Brasília e por isso é importante manter a tradição das quadrilhas juninas viva”, explica Hamilton Teixeira dos Santos, vice-presidente da Federação Brasiliense de Instituições de Expressões Folclórica, conhecida como União Junina Brasiliense (UJB). Hamilton, apelidado por amigos como Tatu, vem de família baiana e ressalta que organização tem executado um trabalho fundamental na preservação das quadrilhas brasilienses e incentivando o surgimento de novos grupos.
A UJB existe há 3 anos, agregando grupos de Brasília e do Entorno, e já trouxe para o DF nove vitórias em competições nacionais da dança. Tatu explica que o segredo é não ignorar que, apesar das origens nordestinas, o DF já tem expressões culturais próprias, que devem influenciar na dança. Tatu comenta, ainda, que muitas quadrilhas tentam imitar à risca as competições cearenses, mas a visão da União Junina é manter viva a chama do nordeste, porém, sem deixar de criar um estilo originalmente candango. “Brasília criou um jeito próprio de dançar quadrilha: o jeito ‘sarauê’ e ‘arriúna’, que só existe no Distrito Federal”, diz. O chamado ‘sarauê’ é o jeito irreverente e brincado dos personagens. Já o e ‘arriúna’ é o nome do estilo nascido aqui.
Semifinal
Começa nesta sexta-feira (14/7), em Planaltina, a semifinal do III Festival Gonzagão de Quadrilhas Juninas, promovido pela UJB e pelo projeto Brasília Junina. O evento se estende pelo fim de semana e vai até domingo (16/7) e fará a seleção dos 12 grupos que irão para a final, que vai ocorrer em 21, 22 e 23 de julho, em Samambaia. A vencedora participará do Campeonato Brasileiro de quadrilhas juninas, realizado pela Confederação Nacional de Quadrilhas Juninas (CONAQJ), em São Luís (MA), previsto para acontecer no período de 3 a 6 de agosto. As apresentações serão realizadas no estacionamento de funções múltiplas, ao lado da Administração Regional de Samambaia, a partir das 19h. A entrada é franca.