A Câmara Legislativa entra numa semana decisiva, que pode selar o destino político de um de seus representantes. Acusado de desviar parte de uma emenda parlamentar de R$ 100 mil, liberada em 2010 para um evento rural em Sobradinho, o distrital Raad Massouh (PPL) pode entrar para a história como o terceiro deputado cassado pelos colegas por quebra de decoro na capital federal (leia Memória). A sessão decisiva está marcada para depois de amanhã. A coincidência com a data em que o World Trade Center ruiu, em Nova York, após ser atingido por dois aviões em 2001, vem sendo usada nos corredores da Casa como um sinal de que Raad não conseguirá se salvar. “Não tem jeito. A casa dele caiu”, diz um colega.
Nascido na Síria, Raad passou a maior parte dos seus 54 anos em Brasília. Entrou para a política em 2006, como distrital. Sua base eleitoral era Sobradinho. Filiado ao DEM, obteve 9.408 votos e ficou na suplência. Assumiu o mandato durante e no fim da legislatura, em 2010, justamente o período em que foi liberada a emenda sob investigação. A Polícia Civil e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) garantem que o então candidato à reeleição se beneficiou do evento em Sobradinho para capitalizar-se eleitoralmente. O distrital nega todas as denúncias.
Raad saiu das urnas como deputado titular ao receber 17.997 votos. Ainda era filiado ao DEM, partido que trocou pelo PPL no fim de 2011, período em que assumiu a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Apesar de ter sido eleito por uma legenda de oposição, desde o início, foi considerado como integrante da base aliada ao Palácio do Buriti. Foi e voltou várias vezes do Executivo para a Câmara.