A população do Distrito Federal enfrenta problemas no transporte público há 15 dias, devido à greve do metrô, e a situação deve se complicar ainda mais. Todos os ônibus podem permanecer nas garagens na próxima quinta-feira, já que uma paralisação geral de 24 horas foi anunciada pelos rodoviários. Mas uma reunião com os patrões, prevista para ocorrer na tarde de hoje, pode mudar o rumo do movimento. A categoria reivindica aumento de 19,68% no salário e no auxílio alimentação.
“Nós vamos avaliar o teor dessa reunião. Eles não nos adiantaram nada. Se percebermos que as propostas não são boas, teremos que radicalizar e seguir com a greve planejada. Agora, se virmos que eles estão fazendo um esforço para melhorar a nossa situação, nós poderemos até suspendê-la”, explica o presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sittrater-DF), Jorge Farias.
De acordo com ele, a programação inicial é de que ocorra paralisação geral de 24 horas na quinta-feira. Na sexta-feira, sábado e domingo, os ônibus voltarão a rodar parcialmente, sem os 140 carros extras que reforçam os horários de pico, incluindo aqueles 45 que atendiam as regiões afetadas pela greve do Metrô.
“Caso não haja nenhum avanço nas negociações com o governo, a greve vai voltar a ocorrer na segunda-feira, e aí seguirá por tempo indeterminado”, alerta Jorge Farias.
sem resposta
Procurada, a Associação das Empresas Brasilienses de Transporte Urbano de Passageiro (Abratup), por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não irá se pronunciar sobre o assunto.
Passageiros não sabem o que fazer
Júlia Pereira, de 48 anos, trabalha como salgadeira em Águas Claras. Ela diz que a sua situação complicará muito caso metrô e ônibus parem ao mesmo tempo: “Antes, eu usava o metrô para ir ao emprego. Aí eles entraram em greve e eu tive de começar a usar os ônibus. Agora, estão falando que vai parar tudo. Se isso acontecer mesmo, vai ficar muito difícil pra mim”.
Para Luciano Brito, de 22 anos, a opção de não ir para o trabalho não existe. “Não posso ficar parado. Caso todos entrem em greve mesmo, eu terei que recorrer a lotação ou ônibus pirata. Vai ser a única forma”, diz.
Ele, que trabalha com serralheria, precisa pegar quatro ônibus por dia: dois para ir ao emprego e mais dois para voltar para casa. “Dependo muito deles e não tenho como ficar sem trabalhar”, conta.
Sindicatos aguardam
A situação do Metrô não teve mudanças por conta da ameaça de paralisação dos ônibus. “Não houve nenhum avanço desde o início da nossa greve”, afirma Ronaldo Amorim, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários (SindMetrô/DF). Caso não haja acordo, é aguardado um desfecho por meio da Justiça.
Para Amorim, a greve simultânea das duas categorias deverá acontecer “por conta da intransigência do governo de negociar com ambos”. Ele disse, ainda, que não vê, a curto prazo, que a situação tenha alguma mudança – tanto do metrô, quanto dos rodoviários.