Detalhamento dos custos para captação no Lago Paranoá estava previsto para ser entregue nesta sexta (10). Ministro da Integração teria pedido a governador para esperar até semana que vem.
O governador Rodrigo Rollemberg desistiu de apresentar nesta sexta-feira (10) à União o plano de trabalho das obras emergenciais no Lago Paranoá pra minimizar a crise hídrica. A ida dele ao Ministério da Integração Nacional estava marcada para o fim desta tarde, mas foi cancelada minutos depois da hora prevista.
Segundo a agenda oficial, o ministro Hélder Barbalho viajou para Belém, no Pará – estado de origem dele – às 13h50 desta sexta. A assessoria do Palácio do Buriri informou que Rollemberg queria fazer a entrega do plano mesmo assim, e seria recebido pelo chefe de gabinete do ministro.
Mas, apesar da urgência para as obras, Barbalho teria pedido ao governador para esperar até semana que vem porque quer receber o documento pessoalmente.
O governo do DF decretou estado de emergência na capital em 25 de janeiro por causa da crise hídrica, que reduziu a maior bacia de abastecimento da cidade – a do Descoberto – ao menor índice da história. A medida implicou na adoção do racionamento de água que, apesar de drástica, atinge apenas parte dos moradores da cidade.
Emergência menosprezada
Para tentar reduzir os efeitos da crise, Rollemberg pediu na última segunda um aporte de R$ 50 milhões ao ministro Barbalho. O dinheiro deve ser usado na construção de uma estação provisória de captação de água no lago para ajudar no abastecimento das regiões atendidas pelo reservatório de Santa Maria, que não foram submetidas ao racionamento hídrico.
A primeira reunião com Barbalho ocorreu 15 dias depois do início do corte sistemático no abastecimento na cidade. Apesar disso, Rollemberg não havia apresentado nenhum projeto com a definição de como os R$ 50 milhões seriam aplicados. Na ocasião, o ministro afirmou que esperava receber o documento “nas próximas 48 horas”, ou seja, na quarta.
Para liberar o recurso, a área técnica do Ministério da Integração precisará analisar o tipo de investimento definido pelo GDF, que deve ser enquadrado nos critérios estabelcidos pela Defesa Civil conforme a situação de emergência. Uma vez decretada, a medida abre margem para o governo, além de captar recursos da União, contratar sem licitação.
Rollemberg disse que, após o início das obras, o novo sistema ficaria pronto num prazo de seis meses. Ele disse que o projeto precisa ser concluído ainda neste ano. Os valores, se forem liberados, sairão de um fundo da Defesa Civil voltado especificamente para atender situações de emergência no país por causa da seca.
Planejamento de socorro
Com previsão de captar 700 litros de água por segundo, a estação emergencial no Lago Paranoá deverá transportar água com uma balsa. O recurso será levado para uma estação de tratamento em containeres para depois ser bombeado para a rede de abastecimento. Esta obra é diferente de uma maior, que já foi licitada pelo GDF mas está suspensa pela União por falta de dinheiro.
Se sair do papel, a barragem do Lago Paranoá, com custo inicial de R$ 400 milhões, deverá captar 2,8 mil litros de água por segundo. Mas a previsão é de que as obras, que ainda nem começaram, levem quatro anos para ficar prontas. Já as obras do Sistema Corumbá IV, parceria entre o DF e Goiás, estão suspensas desde novembro do ano passado por suspeita de desvio de dinheiro público.
Considerado “menos preocupante” pelo governo, o reservatório de Santa Maria pode chegar ao “volume zero” até outubro, segundo a previão do especialista em manejo de bacias hidrográficas e professor da UnB Henrique Leite Chaves, que fez uma simulação dos próximos meses com base em dados da Caesb, a empresa responsábel pela distribuição de água no DF.