TVs são objetos de desejo na Black Friday, mas escolher o melhor modelo pode ser desafiador; veja guia
São Paulo — Ainda que as promoções tenham começado já no início de novembro—e em alguns casos, até antes–, a Black Friday mesmo só acontece nesta sexta-feira (23). E as TVs, como sempre, estão entre os produtos que os clientes mais querem comprar aproveitando as promoções da data. Segundo pesquisa do Ibope Conecta encomendada pelo Mercado Livre, os televisores perdem apenas para celulares e eletrodomésticos entre os itens com maior intenção de compra. Mas entre tantas siglas, termos técnicos e variedade de modelos, escolher um bom televisor na promoção não é exatamente fácil. Veja, a seguir, tudo o que você precisa saber para fazer a melhor escolha:
LED, OLED e QLED
Aquela velha briga entre telas de LCD (cristal líquido) e plasma acabou há tempos. Inclusive, fuja se achar um modelo de plasma em promoção. Mas isso não significa que não exista uma competição entre diferentes tecnologias por trás das TVs no mercado. Três delas hoje disputam a atenção dos consumidores: LED, OLED e QLED.
LEDs: TVs mais em conta
Os modelos mais populares no mercado hoje são os LEDs. Eles são os “herdeiros” diretos dos velhos televisores LCD e, inclusive, contam com um tela de cristal líquido. A diferença deles para os antigos aparelhos está na iluminação traseira. Em vez de lâmpadas fluorescentes, há um painel de diodos emissores de luz, os LEDs, que fazem a iluminação para gerar imagens. Os aparelhos desse tipo são mais econômicos e duráveis do que os mais velhos, mas não há exatamente uma melhora na imagem — ao menos não quando a resolução (mais sobre isso a seguir) é a mesma. É nessa categoria que estão os modelos de TVs mais em conta hoje.
OLED: contraste infinito
As telas OLEDs, por sua vez, garantem um belo salto em termos de fidelidade de cores e, por consequência, na qualidade da imagem. Nos televisores desse tipo, o painel traseiro de LEDs é substituído por um de diodos orgânicos (o “o” da sigla OLED) emissores de luz. Além disso, não há uma vidro de LCD na frente. Esses diodos são os pixels da imagem e são independentes — ou seja, se apagam ou se acendem individualmente de acordo com a cena. Como podem se desligar, eles geram uma cor preta “pura” nas partes escuras, criando um contraste infinito. Os aparelhos prometem ser mais econômicos, mas também são mais caros que os LEDs. A principal marca da categoria é a LG, mas a Sony também tem modelos do tipo.
QLED: brilho mais intenso
As telas QLED também são mais caras, mas vão, de certa forma, no sentido contrário das OLED em termos de luz. Elas apostam na iluminação forte para gerar um contraste maior nas cenas com elementos mais claros e escuros. No caso delas, o painel de LED de iluminação traseira funciona em conjunto com uma película de pontos quânticos (os “Q”s da sigla), que definem a cor exibida. As cores ficam mais intensas e o brilho pode passar da casa dos 1.500 nits, unidade de medida de iluminação. Para efeito de comparação, um modelo OLED da Sony bateu um máximo de 700 nits em testes do site TechHive. A Samsung é o maior nome da categoria, mas, no Brasil, a TCL também oferece modelos QLED.
HD, Full HD e 4K
A resolução também é um fator decisivo na hora de escolher a TV certa. São três as disponíveis no mercado: HD, Full HD e 4K (também chamado de Ultra HD ou UHD).
Ainda que esteja um tanto quanto obsoleto, o HD (1280 x 720 pixels) ainda é o padrão em telas LED menores, de 32 polegadas ou menos. Mas elas são recomendadas apenas quando um cômodo é pequeno e não há mesmo espaço suficiente para uma TV maior. Nessa resolução, a imagem não fica tão nítida quando vista mais de perto, o que prejudica a experiência.
Se houver um pouco mais de espaço no cômodo, um modelo Full HD (1920 x 1080 pixels), mais usado em TVs de 39 polegadas ou maiores, é mais indicado. A qualidade da imagem é duas vezes mais alta do que a de um televisor HD e eles, em média, 2000 reais, segundo estudo da consultoria alemã GfK divulgado no começo do ano. Fora isso, há bastante conteúdo disponível nesta resolução, tanto nos catálogos da Netflix e do Amazon Prime Video quanto no YouTube e em outros serviços de vídeo.
Caso você possa investir um pouco mais, partir para o 4K (3840 x 2160 pixels) não é mais um mau negócio. O preço médio dos modelos com essa resolução, que é quatro vezes mais alta que a Full HD, está na casa dos 3000 reais, segundo o mesmo estudo da GfK, contra mais de 8000 há cerca de três ou quatro anos. Ainda são mais caros do que os de resolução mais baixa, mas devem ser mais interessantes no longo prazo: a quantidade de conteúdo disponível na resolução também está bem maior do que há três anos e deve continuar crescendo. Só é preciso garantir que sua internet seja capaz de carregar o conteúdo em 4K — a Netflix recomenda que a conexão seja de 25 Mbps ou mais rápida.
O fator HDR
Além da resolução, outro termo que agora aparece nas TVs, em especial nas 4K, é o HDR. Sigla para high dynamic range (alto alcance dinâmico), a tecnologia ajuda a aumentar o contraste — a diferença de iluminação — entre partes claras e escuras em uma mesma cena. Porém, não é qualquer televisor que é compatível com ela: o modelo precisa ter um brilho máximo ou um nível contraste bem altos (caso das QLEDs e OLEDs, respectivamente). Quanto mais alto o número de nits do display, melhor deve ser o efeito.
Fora isso, o conteúdo precisa ter sido codificado em HDR. A Netflix e a Amazon Prime Video oferecem algumas séries já gravadas com a tecnologia, mas a variedade ainda não é tão grande quanto em 4K. Alguns jogos, como o último Spider-Man e Assassin’s Creed: Odyssey, também são otimizados para o alto alcance dinâmico, mas você precisa jogá-los em um PlayStation 4 Pro ou em um Xbox One X Ambos suportam o formato aberto HDR10, que é mais comum em televisores do que o “rival” Dolby Vision. Em resumo, ao menos que você tenha um desses consoles ou pretenda adquiri-los, ainda não há muitas razões para se preocupar.
Tizen, WebOS ou Android TV?
Assim como um smartphone, as smart TVs que dominam o mercado hoje rodam diferentes sistemas operacionais. Os três principais são Tizen (modelos da Samsung), webOS (LG) e Android TV (Sony, Philips e TCL). Os dois primeiros têm uma estrutura parecida: os aplicativos são exibidos em botões coloridos em uma barra na parte inferior da tela. A diferença é que, no caso do sistema da LG, o controle Magic Remote presente na maior parte dos modelos, é sensível a movimentos. Ou seja, dá para controlar tudo apontando o cursor. Nos televisores da Samsung, a navegação pelo One Remote só pode ser feita pelos botões mesmo.
O Android TV, por sua vez, tem uma interface bem diferente e se assemelha bastante a um SO para dispositivos móveis, mas em um display grande. O menu de aplicativos e conteúdo ocupa toda a tela quando aberto. Só que o sistema de busca, em especial o por voz, é mais inteligente — é basicamente o mesmo dos smartphones com Android. Ele também se integra melhor a celulares com o sistema do Google, assim como o Tizen conversa bem com outros eletrodomésticos Samsung graças à integração com a solução Smart Things.
Em termos de apps, os três sistemas têm uma oferta de aplicativos de vídeo similar: todos vêm com suporte a YouTube, Netflix e Amazon Prime Video. No campo de música, no entanto, o Android TV e o Tizen têm uma vantagem sobre o webOS: o Spotify, que está de fora da plataforma da LG. Nas TVs da sul-coreana, ainda que o sistema seja mais sólido do que os dois rivais — está há mais tempo no mercado, na versão 4.0 — só dá para usar o Deezer.
De qualquer forma, por terem um ecossistema de aplicativos por trás, modelos com qualquer um dos sistemas do trio devem proporcionar uma experiência melhor do que aparelhos com uma plataforma proprietária mais “genérica”.
Quanto maior a tela, melhor?
Não necessariamente. O tamanho ideal da TV vai depender da distância do sofá para a tela. Segundo a Samsung, em um espaço de até 2 metros, o mais recomendável é optar por um modelo de até 50 polegadas. Quanto maior a distância, maior pode ser o aparelho:
— Até 2 metros entre sofá e tela: até 50 polegadas
— Entre 2 e 2,5 metros entre sofá e tela: de 50 a 55 polegadas
— Entre 2,5 e 3 metros entre sofá e tela: de 60 a 65 polegadas
— Acima de 3 metros entre sofá e tela: de 75 a 82 polegadas (ou maiores)
Tela curva vale a pena?
Aposta das fabricantes até ano retrasado, os modelos de TV com tela curva foram desaparecendo do mercado nos últimos meses. Então, a resposta resumida é “não” — e o mesmo vale para as TVs 3D. Ainda que prometa uma maior sensação de imersão, um display curvo compromete o ângulo de visão: a imagem só fica ótima quando vista de frente. Dependendo de onde o espectador esteja, a cena pode ficar distorcida.
Qual a melhor marca de TV?
Não há uma resposta objetiva aqui. Segundo o ranking Top of Mind, organizado anualmente pelo jornal Folha de S. Paulo, a Samsung lidera com folga ao menos a lista de fabricantes de TV mais populares no Brasil. A marca sul-coreana foi mencionada por 34% dos entrevistados pelo estudo neste ano, enquanto a rival LG aparece em segundo lugar com 19%. Philips (10%), Semp TCL (7%), Philco (7%), Sony (4%), CCE (3%) e Panasonic (3%) fecham a lista.
A mesma Samsung, no entanto, não costuma atender aos chamados de clientes feitos no Reclame Aqui, site brasileiro que reúne relatos de problemas publicados por consumidores. Então, não é possível ter uma noção mais clara de como é o atendimento e o suporte técnico da empresa. De toda forma, para referência, veja a seguir a relação de reclamações, respostas e soluções das fabricantes mais populares, em ordem alfabética:
— AOC: 967 reclamações, com 99,4% respondidas e 85,7% solucionadas
— CCE: 325 reclamações, com 54,5% respondidas e 10,9% solucionadas
— LG: 3761 reclamações, com 99,8% respondidas e 67,9% solucionadas
— Panasonic: 548 reclamações, com 97,7% respondidas e 91,1% solucionadas
— Philips: 2008 reclamações, com 99,3% respondidas e 77,5% solucionadas
— Semp TCL: 2027 reclamações, com 100% respondidas e 87,9% solucionadas
— Sony: 2137 reclamações, com 99,9% respondidas e 90,6% solucionadas