Equipe criada para discutir e aprofundar problemas e soluções da única área prioritária do governo sem lideranças definidas reuniu-se ontem pela primeira vez. Por enquanto, três nomes se firmam como favoritos para chefiar a pasta
A solução dos problemas da saúde pública mostra-se, ainda na transição, como um dos principais desafios do governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Entre as secretarias que cuidam das áreas mais sensíveis do Distrito Federal, como segurança e educação, apenas a pasta responsável pela assistência médica segue sem comando e estrutura definidos. O núcleo da equipe designada para a realização de uma radiografia do setor, que conta com o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), reuniu-se oficialmente, ontem, pela primeira vez, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) — o nome que coordenará o grupo, entretanto, também permanece indefinido.
Vice-governador eleito, Paco Britto (Avante) afirmou que o encontro se destinou à apresentação dos 14 representantes de diferentes áreas da Saúde e da metodologia de trabalho. Entre eles o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adeilson Loureiro Cavalcante; a superintendente do Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), Núbia Welerson Vieira; e o distrital eleito Jorge Vianna (Podemos). “Eles, agora, vão fazer a integração dos subgrupos para chegarmos ao diagnóstico e, posteriormente, traçarmos as metas e adequarmos o nosso plano de governo”, explicou. Britto acrescentou que a equipe aguarda informações requisitadas à Secretaria de Saúde para identificar as ações prioritárias. “Toda sexta-feira, será entregue um relatório para sabermos o que será tratado na semana subsequente”, complementou.
O futuro vice-governador frisou que a equipe não está fechada e deve receber novos especialistas, dada a complexidade do setor. Adiantou, ainda, que o nome do futuro secretário de Saúde pode sair desse grupo. Integram a lista dos cotados para o cargo o médico do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Adriano Guimarães Ibiapina; o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico), Carlos Fernando da Silva; e Adeilson Loureiro.
Titular da pasta por quatro vezes, Frejat disse não ter a pretensão de participar da gestão emedebista. O ex-deputado federal alegou que somente integrará o núcleo de saúde da transição, como “uma memória”. “O papel será de ajudar no sentido de mostrar o que a gente fez, como fizemos, como criamos os centros de saúde, os hospitais regionais, laboratório”, detalhou. E complementou: “Vemos que grande parte dos exames estão sendo feitos por empresas particulares. Nada contra a terceirização, mas o servidor público tem uma capacidade enorme de fazer. É preciso apenas dar condições para que ele o faça”.
Hospital de Base
Nome forte do grupo, Frejat mostrou-se contrário ao recém-implementado modelo de gestão do Instituto Hospital de Base, que passou a ter a natureza jurídica de serviço social autônomo em 2017. “Quando você coloca estatutário e celetista, um com uma carga horária, e um com outra, um com um salário, e um com outro, não pode dar certo. Isso aconteceu com o Saúde em Casa, quando colocaram o pessoal com salário e horário diferentes: deu problema”, lembrou. Para o médico, outros formatos viabilizariam contratações pelo regime CLT e compras com dispensa à licitação, a exemplo do que vigora hoje. “Há tantos outros mecanismos para fazer isso. Conversa com o Tribunal, com outros setores, que dá para fazer. Já se fez no passado”, pontuou.
O ex-secretário de Saúde ainda comentou a possibilidade de dividir a Secretaria de Saúde em duas pastas, levantada por Ibaneis Rocha. “Disse ao governador eleito: esse equívoco se cometeu no passado, quando havia o secretário de Saúde e o presidente da Fundação Hospitalar. Não há problema em um secretário colocar quantos adjuntos quiser em qualquer área”, pontuou.
De acordo com Frejat, a equipe de transição deve dar enfoque a três pontos a fim de melhorar o atendimento na rede pública de Brasília: intensificação da atenção primária, fortalecimento dos hospitais para a otimização dos atendimentos secundário e terciário, além das policlínicas, que, conforme destacou o médico, são as intermediárias entre centros de saúde e hospitais”. “A rede não cresceu mais. Quantos hospitais e centros de saúde foram feitos desde que saí da secretaria? Parou no tempo”, frisou.
Na campanha, Ibaneis elencou como prioridades para o setor a ampliação da cobertura de saúde da família e o aumento do horário de atendimento nas unidades básicas, além de parcerias com a iniciativa privada para atender à demanda reprimida.Fonte: Correio Braziliense