Representantes do setor no Distrito Federal estimam crescimento de até 10% para 2017, mesmo com a queda de 0,9% registrada no país. O otimismo é explicado pela liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
O mercado de shopping centers começa a apresentar sinais de recuperação. Embora o setor tenha sido um dos menos abalados pela crise econômica, não saiu ileso. De uma sequência de crescimento de dois dígitos, chegou a registrar, no primeiro semestre do ano passado, uma queda de 0,9% em todo o Brasil. Entretanto, o cenário vem mudando. Representantes do segmento apontam que, desde março, as vendas voltaram a crescer, puxadas, principalmente, pela injeção de dinheiro da liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com isso, para 2017, a expectativa nacional é de 7% de incremento no segmento.
No Distrito Federal, os shoppings têm especial importância para o varejo — recebem quase 12 milhões de visitas por mês. São 20 empreendimentos em todo o território, o que coloca a capital do país como a unidade federativa com a maior quantidade de metro quadrado desses centros comerciais por habitante. “O DF tem concentração de shoppings porque, ao longo dos anos, regiões tradicionais de comércio de rua, como a W3 Sul, foram sendo enfraquecidas”, analisa Marcelo Martins, superintendente do ParkShopping. “O comportamento do consumidor de Brasília volta para o shopping pela segurança, pela ambientação térmica e pela variedade de serviços que os espaços oferecem”, complementa.
O faturamento do setor no DF foi de R$ 4,6 milhões em 2016, 1% a mais do que em 2015. Para 2017, não há uma expectativa local, mas os empreendimentos apostam em crescimentos de até 10%. A injeção do dinheiro proveniente do FGTS deu especial ânimo para os lojistas e para os shoppings. Segmentos como o de eletrônicos foram os que mais sentiram. “O Conjunto Nacional depende muito de eletro. No ano passado, o setor puxou o shopping para baixo. Neste ano, com o incremento do FGTS, sentimos, desde março, o aumento nas vendas dessas lojas que têm muito valor agregado”, analisa Fernando Marchesi, superintendente do Conjunto Nacional.
Adriana Colloca, diretora de Operações da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), explica que, de março a maio, as vendas e o fluxo de visitas cresceram. Em junho e julho, caíram — em parte pela instabilidade política —, mas a confiança vem se recuperando no segundo semestre. “Os shoppings mais consolidados passaram mais tranquilos do que aqueles em maturação. Mas, em geral, a tendência é de crescimento. Vemos melhoras nos setores de alimentação, lazer, serviços, assim como recuperação de lojas-âncoras”.
De acordo com a Abrasce, em todo o Brasil, são 17 inaugurações previstas para 2017. Uma delas é em Brasília, com a chegada do DF Plaza, em Águas Claras, na próxima semana. Outros grupos empresariais traçam metas para crescer.
O grupo PauloOctavio, que administra o Brasília Shopping, Terraço, Taguatinga Shopping, JK Shopping e tem participação no Iguatemi, apostará em shoppings de vizinhança fora do Plano Piloto. “O mercado do Plano está saturado. Para nós, o futuro está nos shoppings menores e nas cidades satélites. Esse movimento de ‘interiorização’ — coloco entre aspas porque não tem interior no DF — já aconteceu na última década no Brasil”, analisa Edmar Barros, superintendente de shoppings das organizações PauloOctavio.