Governo diz que não houve nenhum tipo de vazamento de dados. Só no dia da abertura da Olimpíada em Brasília, foram 4.620 ataques.
sistemas de informática do governo do Distrito Federal sofreram 52.031 tentativas de invasão em todo o ano de 2016, revelou a Secretaria de Planejamento, a pedido do G1. Em 12 oportunidades, “hackers” conseguiram de fato assumir o controle em páginas institucionais, informou a pasta que administra a infraestrutura tecnológica do GDF.
Segundo a secretaria, não houve nenhum tipo de vazamento de dados. “As ‘invasões’ foram basicamente em páginas que mantêm fóruns ou comentários abertos, sem moderação, com propagandas e anúncios que não comprometem a segurança dos sites do governo.”
Só no dia do primeiro jogo de futebol da Olimpíada no Estádio Nacional, em 4 de agosto de 2016, foram registrados cerca de 4.620 ataques dos mais variados tipos.
Comparando com os números de 2015, a quantidade de tentativas de invasão cresceu 665%. Naquele ano, houve 6,8 mil iniciativas frustradas, e um ataque efetivo.
Entenda
Entre as estratégias usadas pelos hackers está a de “força bruta”, quando são tentadas todas as possibilidades de senhas. Outra técnica é a conhecida como “ataque do dicionário”. Segundo o consultor Antônio Martino, cientista da computação, o método consiste em usar as senhas mais frequentes – como “123” – para tentar acesso ao sistema.
“O ataque do dicionário é mais refinado que o de força bruta. Ele pega palavra comuns da língua portuguesa ou termos frequentes e tenta combinações”, explicou Martino ao G1. “Com o método do dicionário, o ataque fica mais efetivo e aumentam as chances de invadir os servidores.”
Outro meio usado contra os sistemas do GDF é o ataque conhecido como “de negação de serviço” ou simplesmente “DDoS”. “Neste caso, é como se todo mundo tentasse ligar para um telefone e essa pessoa não conseguisse mais receber ligações sérias. Ou seja, você não invade o sistema, mas acaba derrubando ele por uma sobrecarga”, continuou o especialista.
Área responsável pela gestão da rede do governo, a Subsecretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Sutic) diz enfrentar diariamente diversos tipos de ataques aleatórios e corriqueiros. De acordo com o setor, qualquer sistema de grande porte, seja público ou privado, também está sujeito a isso.
Para reforçar a segurança e evitar ações mal intencionadas, a área conta com um contrato de R$ 6 milhões a fim de propiciar atualizações técnicas contínuas no Datacenter Corporativo. Ele foi assinado em 2015 e tem duração de três anos.
Invasão às páginas do governo
Uma das invasões aos sistemas do GDF mais lembradas é a do dia 17 setembro de 2015. Ao abrir o site da Agência Brasília e demais páginas institucionais do Executivo, uma janela com a mensagem “sob nova administração” era exibida. Na ocasião, o governo retirou os serviços do ar e “recuperou” os espaços.
“Não ocorreu comprometimento de informações, tampouco de violação ou captura de qualquer tipo de dado institucional, que ficam em ambiente seguro e diverso do afetado”, informou a Secretaria de Planejamento. O governo não afirmou sobre o andamento das apurações para identificar o autor do ataque.
As páginas do GDF apareciam com uma charge sobre corrupção e um texto escrito “*** STOP CORRUPÇÃO *** Corrupção pra lá , Corrupção pra cá ! Será que isso nunca vai acabar ?”.
“Enquanto aqueles que deveria cuidar da pátria, roubam o nosso dinheiro suado e deixam muitos Brasileiros na miséria. Cria falsa ilusão de segurança para GRINGOS vir ao “BraZil” e achar que ta tudo bem, não, por aqui nada bem”.
O texto também faz referência à violência. “UPP = Maquiagem da favela / Pessoas de bem cada vez +++++ morrendo por balas perdidas ou até achadas em favelas “Pacificadas” e entrando pra triste Estatística ou talvez nem nela entre . Até quando ? Até quandoooooooo ?”
Ao final, os hackers se identificavam com codinomes e escreveram, em inglês: “Hackear não é um crime, é arte em protesto.”