Kelly Slater surge no meio de uma onda já com os braços para cima, comemorando. O mito do surfe sabia que o tubo já no primeiro minuto da bateria lhe renderia uma grande nota. E foi nota 10. Slater não derrotava Adriano de Souza desde 2010, com Mineirinho vencendo seis duelos consecutivos. Na manhã desta segunda, porém, o 11 vezes campeão do mundo deu o troco, e com juros. Na Praia da Barra, o americano atropelou o paulista, frustrou a torcida da casa e eliminou o último brasileiro do WCT Rio.
– Acho que não pegaria onda melhor que aquela. Está muito complicado lá dentro no mar. Eu devia essa para o cara (risos). O Mineirinho tinha me vencido seis vezes seguidas. Agora foi minha vez – disse Slater.
– Acordei e sabia que seria uma bateria difícil, porque a maré estava baixa. E o Kelly achou aquela onda que pode ser nota um ou 10. Eu não consegui me encontrar. É cabeça erguida e pensar na próxima – disse Mineirinho.
Mal a bateira havia começado, e Kelly Slater já mostrava por que tem 11 títulos mundiais. O americano não perdeu tempo para pegar um belo tubo e sair já comemorando. Não à toa. O americano abriu o dia com uma nota 10, a primeira deste WCT Rio. Aos 42 anos, o mito do surfe dominava o mar da Barra.
Mineirinho, que tinha vencido os últimos seis duelos contra Kelly, foi empurrado pela corrente, teve de sair do mar para voltar ao ponto de saída. Ele sequer arriscava, esperava por uma onda boa para tirar a vantagem que no meio da bateria já era de 14,83 pontos e só crescia. Apenas uma virada incrível nos três minutos finais salvaria o último brasileiro na competição.
Kelly Slater ainda teve a ponta da prancha quebrada. Nada que o atrapalhasse. A vitória estava muito bem encaminhada. Mineirinho sequer conseguiu pegar uma onda, e o americano venceu com somatório de 15,50 pontos para se classificar para as quartas de final.
– Eu tinha um plano de jogo bem claro. Eu entrei na água e sabia onde as ondas boas estavam e onde eu queria ir. Ele ter ido para o lugar onde eu estava, acho que ele pensou “oh, não, devo estar fazendo a coisa errada”. Acho que ele não tinha um plano de jogo, ele só foi lá e tentou pegar alguma onda boa. Aí ele estava jogando o meu jogo, em vez do dele, e talvez isso tenha deixado ele um pouco nervoso. Houve até algumas ondas em que ele entrou, mas estava um pouco para lá, ou um pouco para o outro lado, não exatamente no lugar certo, mas isso pode acontecer com qualquer um – analisou Slater.