Grupos reclamam de agressões mútuas durante trabalho no Aeroporto JK. Governo discute regulamentação; atos complicaram trânsito na Asa Norte.
Taxistas e motoristas do Uber no Distrito Federal trocaram ofensas nesta terça-feira (31), em frente à 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. Os grupos foram ao local para registrar ocorrências contra o “outro lado” por supostos episódios de violência que teriam acontecido no Aeroporto Internacional de Brasília nas últimas semanas.
Até as 18h40, os motoristas dos dois serviços ocupavam duas das quatro faixas da via W4, em frente à delegacia. As manifestações prejudicaram o trânsito e geraram engarrafamento na via W3, incluindo o acesso ao Eixo Monumental.
Não havia registro de acidentes no mesmo horário. Segundo a Polícia Civil, dois agentes foram conversar com os motoristas em frente à delegacia para liberar o trânsito. Até o mesmo horário, não havia registro de violência física entre as categorias.
Em nota a Uber afirmou que “considera inaceitável o uso de violência” e que os cidadãos têm o direito de “escolher como quer se mover pela cidade, assim como o direito de trabalhar honestamente”. O serviço tem um número de emergência para os motoristas que se sentem ameaçados e presta assistência nos casos reportados à central.
A presidente do sindicato que representa os taxistas, Maria do Bomfim, afirmou que não compactua com a violência, mas disse que os condutores estão “cansados das agressões dos motoristas do Uber e, por causa disso, estão partindo para cima”. Segundo ela, o transporte é “irregular e ilegal”.
O motorista do Uber Alexandre Cunha, de 34 anos, contou que tentou registrar ocorrência na 2ª DP (no fim da Asa Norte), no início da tarde, mas foi encaminhado à outra unidade policial. Na saída, ele diz que o carro foi apedrejado por taxistas.
“A gente não tem sossego. Eu estava esperando um colega registrar ocorrência e quando saímos nosso carro foi apedrejado. Eles ainda ficaram nos ameaçando em frente a delegacia. Disseram que ia matar a gente”, diz.
Já na 5ª DP, os autores das ocorrências receberam o apoio de outros motoristas do Uber, que foram ao local para dar “apoio moral”. Em resposta, taxistas se mobilizaram e também se reuniram no pátio e na área externa da delegacia para contestar os registros.
“Da mesma forma que os motoristas do Uber tem direito a presta queixa nós também temos. Nós sofremos diversos ataques, ameaças e agressões”, afirmou ao G1 o taxista Leonardo Rocha, um dos presentes no local.
Agressões
Nesta segunda (30), um taxista teria tentado impedir a saída de um carro do Uber, interceptando o caminho com um carrinho de bagagens do aeroporto. O motorista do serviço executivo diz que foi ameaçado junto a passageira e precisou acionar a polícia para deixar o local. Outro condutor diz que teve o pneu rasgado na semana passada, também por suposta ação dos taxistas.
Inscrito no Uber, Eliandro José Ferreira diz que não tem segurança para trabalhar. “Nós que trabalhamos na noite temos familia. A gente não sabe se volta pra casa. Todas as noites tem ataques contra motoristas do Uber. Nós temos autorização pra rodar. A gente só quer trabalhar”, disse.
Taxistas dizem que também estão sendo ameaçados no aeroporto, no trânsito e nos protestos. “Essa informação [das agressões contra o Uber] é incorreta. Ele [motorista] nos ameaçou, nós nos exaltamos e ele começou a filmar, mas não filmaram o momento em que fomos ameaçados de agressão”, diz Leonardo Rocha.