A primeira missão totalmente privada à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) está programada para completar a etapa final de sua jornada nos próximos dias, encerrando o que se tornou uma jornada mais longa do que o esperado depois que o mau tempo manteve os passageiros na estação espacial por vários dias extras.
A missão, chamada Ax-1, foi intermediada pela startup Axiom Space, sediada em Houston, Texas, que reserva passeios de foguete, fornece todo o treinamento necessário e coordena voos para a ISS para quem puder pagar.
Os quatro membros da tripulação – Michael López-Alegría, um ex-astronauta da Nasa que virou funcionário da Axiom que está comandando a missão; o empresário israelense Eytan Stibbe; o investidor canadense Mark Pathy; e o magnata imobiliário Larry Connor– estão programados para deixar a estação espacial a bordo de sua cápsula SpaceX Crew Dragon no domingo (24). Esse é outro atraso de 24 horas em relação ao que a Nasa e a Axiom estavam prevendo neste sábado (23).
Eles agora planejam passar um dia voando livremente pela órbita antes de voltar à atmosfera e saltar de paraquedas para um pouso na costa da Flórida por volta das 13h, no horário local, desta segunda-feira (25), de acordo com um tweet de Kathy Lueders, chefe do programa de voos espaciais tripulados da Nasa.
O Ax-1, lançado em 8 de abril, foi originalmente anunciado como uma missão de 10 dias, mas os atrasos estenderam a missão em cerca de uma semana.
Durante os primeiros 12 dias na estação espacial, o grupo manteve um cronograma regimentado, que incluía cerca de 14 horas por dia de atividades, incluindo pesquisas científicas projetadas por vários hospitais de pesquisa, universidades, empresas de tecnologia e muito mais. Eles também passaram um tempo fazendo eventos de divulgação por videoconferência com crianças e alunos.
Os atrasos climáticos lhes deram “um pouco mais de tempo para absorver as vistas notáveis do planeta azul e revisar a grande quantidade de trabalho que foi concluído com sucesso durante a missão”, segundo a Axiom.
Não está claro quanto custou essa missão. A Axiom divulgou anteriormente um preço de US$ 55 milhões por assento para uma viagem de 10 dias à ISS, mas a empresa se recusou a comentar os termos financeiros para essa missão específica além de dizer em uma entrevista coletiva no ano passado que o preço está nas “dezenas” de milhões”.
A missão foi possível graças a uma coordenação muito próxima entre Axiom, SpaceX e Nasa, uma vez que a ISS é financiada e operada pelo governo norte-americano. E a agência espacial revelou alguns detalhes sobre quanto cobra pelo uso de seu laboratório orbital de 20 anos.
Para cada missão, trazer o apoio necessário dos astronautas da Nasa custará aos clientes comerciais US$ 5,2 milhões, e todo o suporte e planejamento da missão que a agência espacial empresta é de outros US$ 4,8 milhões.
Enquanto no espaço, apenas a comida custa cerca de US$ 2.000 por dia, por pessoa. Obter provisões de e para a estação espacial para uma equipe comercial custa outros US$ 88.000 a US$ 164.000 por pessoa, por dia.
Mas os dias extras que a tripulação do Ax-1 passou no espaço devido ao clima não aumentará seu preço geral pessoal, de acordo com um comunicado da Nasa.
“Sabendo que os objetivos da missão da Estação Espacial Internacional, como a caminhada espacial russa recentemente conduzida ou os desafios climáticos, podem resultar em um desacoplamento atrasado, a Nasa negociou o contrato com uma estratégia que não exige reembolso por atrasos adicionais no desacoplamento”, diz o comunicado.
Viagens para não-astronautas
Não é a primeira vez que clientes pagantes ou não-astronautas visitam a ISS, já que a Rússia vendeu assentos em sua espaçonave Soyuz para vários caçadores de emoções ricos nos anos anteriores.
Mas o Ax-1 é a primeira missão com uma tripulação inteiramente composta por cidadãos particulares sem membros ativos de um corpo de astronautas do governo que os acompanhe na cápsula durante a viagem de e para a ISS. É também a primeira vez que cidadãos particulares viajam para a ISS em uma espaçonave fabricada nos EUA.
A missão desencadeou mais uma rodada de debate sobre se as pessoas que pagam sua passagem para o espaço devem ser chamadas de “astronautas”, embora deva ser observado que uma viagem à ISS exige um investimento muito maior de tempo e dinheiro do que levar um breve passeio suborbital em um foguete construído por empresas como Blue Origin ou Virgin Galactic.
López-Alegría, veterano de quatro viagens ao espaço entre 1995 e 2007 durante seu tempo na Nasa, disse o seguinte: “esta missão é muito diferente do que você pode ter ouvido falar em alguns dos recentes –especialmente suborbitais– Não somos turistas espaciais. Acho que há um papel importante para o turismo espacial, mas não é disso que trata a Axiom”.
Embora os clientes pagantes não recebam asas de astronauta do governo dos EUA, eles foram presenteados com a “Insígnia de Astronauta Universal”, um broche de ouro recentemente projetado pela Association of Space Explorers, um grupo internacional composto por astronautas de 38 países.
Fonte: CNN Brasil