Os buracos negros emitem potentes jatos de matéria em alta velocidade, o que inclui átomos pesados, revelou um estudo publicado esta quarta-feira (13) na revista científica britânica “Nature”.
Há décadas os astrônomos ficam intrigados com estreitos feixes de matéria expelidos dos buracos negros, o fenômeno mais poderoso do universo. Sabe-se que os jatos contêm elétrons, que são partículas com carga negativa.
Mas o enigma é que os jatos não têm todos carga negativa, o que sugere que deve haver “algo” com carga positiva ali para equilibrar as coisas. Este “algo” pode ser átomos de ferro e níquel, segundo astrônomos que utilizaram o telescópio espacial europeu XMM-Newton e o rádio-telescópio Compact Array, no leste da Austrália.
Linhas de átomos foram vistas em emissões exaladas por um pequeno buraco negro denominado 4U1630-47 com dois terços da velocidade da luz. A fonte dos jatos parece ser um disco de acréscimo, um cinturão de gás quente que gira em torno da entrada do buraco.
A descoberta é importante porque os buracos negros, além de destrutivos, são criadores também. Eles reciclam a matéria e a energia do espaço e os jatos ajudam a dar forma quando e onde uma galáxia forma estrelas.
“Os jatos de buracos negros supermaciços ajudam a determinar o destino de uma galáxia”, anunciou em um comunicado Tasso Tzioumis, da Organização Australiana para a Pesquisa Industrial e Científica da Comunidade Britânica (CSIRO, na sigla em inglês). “Então, queremos entender melhor o impacto que os jatos têm em seu ambiente”, continuou.
Um átomo de ferro é cerca de 100 mil vezes mais maciço do que um elétron, o que significa que carrega muito mais energia do que uma partícula mais leve viajando na mesma velocidade. As colisões com a matéria no espaço interestelar poderiam gerar raios-gama e elétrons, sugeriram os autores.