O uso de medicamentos sem prescrição médica é uma preocupação global. Esse consumo desenfreado está sendo várias vezes associado ao aumento de visitas à prontos-socorros e mortes. E, um estudo norte-americano, conseguiu revelar emoções que podem estar associadas à essa prática.
Pesquisadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos, conseguiram identificar diferenças substanciais entre os textos das postagens de usuários do Twitter que relatam o uso de medicamentos não prescritos (chamados de NMPDU) e aqueles que não o fazem. Eles observaram também a diferença entre homens e mulheres que relatam NMPDU.
“Neste estudo, procuramos empregar abordagens de processamento de linguagem natural (NLP) e aprendizado de máquina para estudar um grande conjunto de dados públicos do Twitter sobre três categorias comuns de NMPDU para explorar e responder a perguntas.” diz Sarker.
As questões de pesquisa foram: Como os conteúdos emocionais expressos nos perfis do Twitter desses grupos NMPDU diferem daqueles expressos nos perfis do Twitter dos grupos não-NMPDU?; Como os tweets NMPDU diferem sentimentalmente dos tweets não NMPDU?; e como as preocupações pessoais, sociais, biológicas e de motivação central expressas nos perfis do Twitter dos grupos NMPDU diferem daquelas expressas nos perfis do Twitter dos grupos não NMPDU?.
A partir de mais de 130 milhões de tweets de 87.718 usuários únicos, o estudo mostra diferenças no conteúdo linguístico entre as pessoas que relatam o NMPDU e aquelas que não o fazem. Os resultados foram publicados na revista científica Health Data Science.
“As pessoas do primeiro grupo expressam mais emoções negativas e menos emoções positivas, mais preocupações com a família, o passado e o corpo, e menos preocupações relacionadas ao trabalho, lazer, casa, dinheiro, religião, saúde e realização em comparação com o último grupo”, explica Mohammed Ali Al-Garadi, um dos autores do estudo. “. “Além disso, as postagens que mencionam o NMPDU tendem a ser altamente polarizadas, indicando possíveis gatilhos emocionais”, pontua também.
Os resultados, segundo os pesquisadores, indicam que as redes sociais são muito úteis para a vigilância do NMPDU. “A vigilância de saúde pública tradicional projetada com base em informações defasadas pode não ser tão eficaz quanto as medidas quase em tempo real, e essa é uma área em que a mineração de mídia social pode contribuir”, explica Al-Garadi.
Segundo ele, também há um potencial de integrar dados de mídia social com fontes de dados tradicionais para obter uma imagem completa do uso de substâncias em nível populacional”.
A mídia social oferece uma oportunidade única de estudar NMPDU em um nível macro, a um custo menor, quase em tempo real e com a capacidade de representar populações raramente ouvidas. “A triangulação de mídias sociais e dados de pesquisas tradicionais (ou qualquer outra fonte de dados offline) para estudar o NMPDU pode ajudar a minimizar os possíveis vieses nas amostras representativas”, afirma Abeed Sarker, que também assina o estudo.
Além disso, os pesquisadores também analisaram que o maior número de palavras de emoção negativa dos usuários do grupo NMPDU estão provavelmente associados a um maior sofrimento psicológico e pior saúde física em comparação com seus colegas não NMPDU.
Segundo Sarker essa é uma hipótese que eles planejam estudar em trabalhos futuros.
Fonte: Correio Braziliense