O show especial de música eletrônica é pelo projeto Solo Música, na Caixa Cultural
Engana-se quem reduz a música eletrônica a limitadas batidas de DJs. Para mostrar todas essas vertentes e celebrar a música que é quase sinônimo de sintetizadores, Paulo Beto, um dos maiores mestres e conhecedores do estilo no país estará amanhã, na Caixa Cultural, para apresentar o projeto Solo Música, a partir das 20hs
“Esse espetáculo solo, além da música, trabalha muito com arte em vídeo e nisso a gente homenageia alguns pontos históricos da música eletrônica. A ideia é que a gente conseguisse fazer o público ter um contato com a vanguarda da música eletrônica, desde os futuristas italianos, passando pelo cinema e, num determinado momento, eu faço uma homenagem a dois artistas brasileiros que eu admiro muito”, explica Beto ao Correio.
Os homenageados da noite serão Jocy de Oliveira e o maestro Jorge Antunes, que Beto faz questão de citar como verdadeiros pioneiros e mestres da música nacional: “Se eu fizesse uma homenagem, seria muito importante citar o pioneirismo brasileiro, por isso, eu faço uma improvisação com o sintetizador e trabalho com a música, é um momento de mergulho no som desses aparelhos para celebrar esses artistas”.
Beto faz questão de lembrar da participação de Apolínia Alexandrina, como diretora da apresentação: “A parte visual é toda dela, e embora o projeto seja solo, não é um trabalho de uma pessoa só”.
Músicas e filmes
Conversar com Beto é um verdadeiro mergulho no mundo da música eletrônica. Entre vários termos, referências e contextos históricos, o músico surpreende ao lembrar exatamente como foi a primeira experiência com a música eletrônica: “Quando eu tinha 13 anos, escutava os sons eletrônicos na TV, como todos, mas como era o período da Guerra Fria existia o medo da bomba que destruiria a humanidade, ou a visão de medo alienígena, é um dia eu acordei em um sábado de manhã e meu irmão estava ouvido um som no carro com o amigo e eu falei ‘olha só!’ parecia o som de uma invasão alienígena, mas era Antenna, do Kraftwerk, uma banda alemã, e eu fui pesquisar mais sobre o som”.
Entre a popularização da música eletrônica, desde os filmes até as músicas pop, Beto consegue enxergar um futuro mais brilhante e inclusivo para o gênero: “Eu lembro que pedi um sintetizador para os meus pais, mas me deram um violão. Eu digo isso porque eu gosto muito da música erudita, eu tive uma educação que passou muito por ai, mas eu sempre utilizei essa mistura de rock com elementos da música eletrônica, então para mim esse contato com a popularização é maravilhosa, é uma chance de novas coisas serem criadas e novas pessoas possam criar, principalmente pelas possibilidades que o computador apresenta”.
Para os próximos passos, Beto defende um futuro positivo para a música eletrônica: “Olha, sempre houve e agora ainda tem trabalhos maravilhosos, e hoje em dia isso acontece também no Brasil, a música eletrônica é destaque no mundo todo, existem pessoas que fazem coisas novas com os novos meios”. E se um fim otimista por si só vale muito, o músico não poderia dizer mais: “Eu não vejo que a música eletrônica vai matar o rock ou a música erudita, como às vezes dizem, mas eu acho que enquanto houver música vai ter música eletrônica, enquanto houver arte, haverá música eletrônica”. Fonte: Correio Braziliense