Há aproximadamente dois anos atrás, fui incumbido de atuar como gestor numa agência bancária no bairro do Parque Jabaquara, cidade de São Paulo. Lá conheci uma realidade singular que articula as instâncias da temporalidade – passado, presente e futuro – com o fulgor dinâmico da ação humana transformadora da realidade.
Tive o privilégio de conhecer uma equipe formidável, constituída por profissionais competentes e, o mais importante, por pessoas maravilhosas. Recebi uma dádiva, considerando que o gestor bancário não possui a prerrogativa de escolher a sua equipe de trabalho em nenhum dos grandes bancos do país. Vale ressaltar que, quando encontramos equipes carentes de atenção ou necessitando urgentemente de ações de capacitação, assumimos com satisfação a tarefa indelegável de cuidar para que tais prioridades sejam atendidas.
No entanto, deparei-me em Jabaquara com um grupo de pessoas que tinham muito mais para me oferecer do que tudo o que eu podia lhes ofertar, mesmo sendo o Gerente Geral da agência. Dentre todos os colegas que encontrei, chamou-me muito a atenção o Antonio Alexandre, Gerente de Relacionamento responsável pelo atendimento de um grupo negocial. Ele tomou posse em Jabaquara no ano de 1998, sendo que sempre trabalhou na mesma unidade. Foi testemunha de todos os acontecimentos que, de alguma forma, influenciaram enormemente o histórico daquela agência. Sua capacidade de trabalho era notável. Seus conhecimentos poderiam transcender qualquer enciclopédia quando o assunto dizia respeito ao atendimento de clientes que apresentavam problemas inusitados para serem resolvidos.
Sem dúvida, Antonio Alexandre sempre foi amado pelos clientes por oferecer um atendimento de máxima qualidade técnica. Sua segurança e assertividade eram impressionantes. Trata-se de alguém que foi e sempre será uma referência para toda a equipe que o admira com apreço e verdadeira consideração até os dias de hoje. Antonio Alexandre lidou e continua lidando corajosamente com uma doença degenerativa que lhe impôs limitações de movimento, mas que não conseguiu lhe tirar o profissionalismo, o bom humor, a coerência, a boa vontade e, enfim, não conseguiu tirar a humanidade que habita no seu coração.
Atualmente, ele está aposentado, mas seus exemplos, suas práticas e suas atitudes permanecem nas minhas memórias de tudo o que realmente valeu a pena nos meus 25 anos de trabalho num grande banco público. Memórias significativas são aquelas que habitam nas estruturas cerebrais, mas que as transcendem de uma maneira especial. São fundamentalmente aquelas que carregamos para sempre em nossos corações e que nos servem como referências formidáveis de vida e de esperança. O amigo permanente, o ex-colega de trabalho, o cidadão admirável e o formidável ser humano chamado Antonio Alexandre Osiro me ofereceu a oportunidade de aprender sobre o verdadeiro significado do trabalho: dar primazia ao bem estar, à satisfação e ao sentimento de realização humana no ambiente laboral por meio do diálogo e do respeito, sobretudo, na inabalável crença de que é possível transformar a realidade mesmo diante de inexoráveis obstáculos.
De fato, a coragem, a resiliência e o sorriso amigo fazem toda a diferença nos momentos de adversidade. A superação da mediocridade de ambientes e de pessoas que promovem o sofrimento psicológico pela imposição de metas tautológicas requer o cultivo de valores relacionados aos gestos de compreensão, de cumplicidade, de compartilhamento e de humanização. O meu amigo Antonio Alexandre provou que tudo isso é possível e que, por mais incrível que possa parecer, implica na busca do real sentido da própria vida!
Viva Antonio Alexandre e todas as pessoas que buscam cotidianamente construir um modelo de sociedade menos feio e mais humano!
Antonio Artequilino: Historiador, Mestre em Educação, Doutor em Linguística, Escritor, Poeta, Professor e Palestrante.