A Universidade de Brasília repudiou nesta segunda-feira (20) o protesto organizado por um grupo de 15 pessoas que proferiu ofensas contra estudantes no campus da instituição. Enrolados em bandeiras do Brasil, os manifestantes usavam expressões homofóbicas e se diziam contra a política de cotas e a favor do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e do juiz Sérgio Moro. O episódio ocorreu na noite de sexta-feira (17).
“A reitoria da Universidade de Brasília reitera a postura de respeito ao direito à diversidade nos seus quatro campose repudia qualquer ato de intolerância e de agressão”, informou a instituição, em nota. “As ocorrências de natureza agressiva e intolerantes são devidamente apuradas e, quando se trata de ações que extrapolam a alçada administrativa da Universidade, os órgãos competentes são acionados.”
Ainda segundo a reitoria, a segurança do campus foi acionada no dia e conseguiu retirar o grupo do campus sem a necessidade do uso de força ou violência. Segundo a instituição, não houve registro de agressão física.
Após a situação, o governador Rodrigo Rollemberg determinou à Polícia Civil que investigue com “atenção especial” as ofensas contra estudantes. “Nosso governo está em sintonia com a sociedade de Brasília, que não aceita atos de intolerância”, afirmou o governador ao G1, por meio de sua assessoria.
A polícia tinha aberto investigação após dois alunos procurarem a 2ª DP (Asa Norte) para denunciar o caso. Eles relataram terem sido abordados enquanto saíam em direção ao estacionamento e disseram ter sido alvo de xingamentos e discursos ofensivos. Também afirmaram que foram ameaçados de agressão e que foram perseguidos por um motociclista quando tentaram fugir. Não se sabe se os manifestantes eram alunos da UnB.
O protesto teve repercussão na internet. “A UnB foi minha casa durante cinco anos e eternamente marcará minha história. Queria contar hoje uma história de felicidade, de pessoas que superam os desafios matando um leão por dia e vencem, mas não dá”, disse uma estudante. “Nunca vi tanta ignorância política na minha vida”, contou outro.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB repudiou o ato em uma rede social. “Não podemos aceitar atitudes como essa em nossa universidade, que são uma agressão a toda a comunidade da UnB”, afirmou.
“Acreditamos que a universidade é um espaço simbólico de debate e reflexão e, em razão disso, é importante que seja palco de manifestações políticas. No entanto, o respeito à pluralidade de ideias deve estar em seu fundamento”, escreveu a direção do DCE.