As visitações ao Museu Nacional da República em Brasília cresceram cerca de 88% entre fevereiro e agosto deste ano em comparação com o mesmo período de 2018. O percentual é uma aproximação, uma vez que os dados fornecidos pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) revelam o público por exposição e não por data de visitação.
O museu recebeu 246.129 visitas entre 22 de fevereiro e 5 de agosto do ano passado, quando foram realizadas 11 exposições. Em 2019, o período equivalente, de acordo com as mostras em cartaz, seria entre 5 de fevereiro e 30 de julho – quando o espaço contabilizou 463.965 visitas em 13 exposições.
Como os números são registrados por mostra – e algumas delas ocorreram simultaneamente em diferentes espaços do museu, que têm entradas independentes – a soma das visitas pode incluir as mesmas pessoas mais de uma vez.
Rampa de acesso ao Museu Nacional da República, em Brasília — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
Maiores públicos
A exposição que recebeu o maior público em 2018 foi “Imagens impressas: Um percurso histórico pelas gravuras da Coleção Itaú Cultural”, que atraiu 46.266 pessoas entre 22 de maio e 22 de julho. Em seguida, vem a mostra “JK – O silêncio que grita”, que ficou em cartaz de 15 de junho a 29 de julho e recebeu 32.377 visitantes.
Já em 2019, sob a direção de Charles Cosac, o Museu da República alcançou o maior público com a exposição “O ritmo do espaço”, de Yutaka Toyota, que ficou em cartaz de 2 de abril até 16 de junho. A mostra atraiu 67.190 pessoas.
Em seguida, “Ato, teatro e dança”, de Mila Petrillo. A mostra recebeu 59.664 espectadores entre 16 de abril e 23 de junho.
Empresário e curador Charles Cosac, diretor do Museu Nacional da República em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1
Segundo o diretor do museu, a curva ascendente de visitações não está ligada essencialmente à curadoria do acervo, mas à localização do espaço.
“O museu tem um público cativo, que vem num contexto de peregrinação, passa pela BNB [Biblioteca Nacional de Brasília] e segue até a catedral. Então o museu faz parte desse trajeto.”
“Aos fim de semana, o movimento talvez seja maior em função das exposições, que são mais paradidáticas e menos abstratas. Então, as visitas são mais de quem realmente se desloca para visitar o museu”, disse Cosac
Tendência nacional
O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, reúne uma das principais coleções de pinturas e esculturas do país. — Foto: Pedro Kirilos/Riotur
A crescente procura pelas artes – em especial as plásticas e visuais – é uma tendência nacional, segundo levantamento do G1. No primeiro semestre deste ano, dos 40 grandes museus de arte e história no Brasil, 37 obtiveram aumento de público.
A soma do total de visitantes destes museus revela que, no 1º semestre de 2019, o aumento foi de 50% em relação à média do mesmo período nos últimos quatro anos e de 61% em comparação com 2018.
Público aguarda na fila para prestigiar exposição de Tarsila do Amaral no Masp — Foto: Bárbara Muniz Vieira/G1
O Museu de Arte de São Paulo (Masp), por exemplo, alcançou um recorde histórico. Em sete meses, o espaço recebeu a maior visitação anual desde 2012, quando 556 mil pessoas passaram pelo local.
Ao contrário das motivações que, segundo Charles Cosac, fizeram crescer o movimento no Museu da República em Brasília, os diretores dos principais museus do país apostam em fatores como o “despertar” do interesse pela arte diante do cortes de verbas federais e estaduais, exposições que destacam minorias e uma “corrida” após o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
E o Museu da Arte de Brasília?
Em Brasília, os únicos museus que recebem acervos gerais – como pintura, escultura, vídeo, performance e objetos – são o Museu Nacional da República e o Museu de Arte de Brasília. Esse, porém, está inoperante desde 2007 por recomendação do Ministério Público do DF.
As obras começaram dez anos após a interdição e, até a última sexta-feira (9), estavam 16% concluídas, segundo a Novacap – responsável pela empreitada. A previsão de reabertura é em abril de 2020, durante o aniversário de 60 anos da capital.
Segundo a empresa, o projeto arquitetônico prevê “reparos completos” nas instalações, para modernizar as estruturas e garantir segurança e acessibilidade aos visitantes.
Ruínas do Museu de Arte de Brasília, às margens do Lago Paranoá; local foi fechado em 2007 — Foto: Mateus Rodrigues/G1
No museu, também serão instaladas placas fotovoltaicas na cobertura para geração de energia limpa – o que permitira, de acordo com a Novacap, “zerar o custo com ar condicionado”. O novo espaço terá, ainda, um café e ambientes para exposições de acervo externo.
Quando as obras começaram, o orçamento era de R$ 7,6 milhões. No entanto, ao ser retomada, no dia 6 de abril deste ano, o valor foi atualizado para R$ 9 milhões – desta vez, porém, com recursos do Banco do Brasil.
Museu de Arte de Brasília em sua versão original — Foto: Divulgação
O prédio foi projetado por arquitetos da Novacap em 1960 e inaugurado em 1985. Às margens do Lago Paranoá, entre a Concha Acústica e o Palácio da Alvorada, o museu abrigava um acervo de arte moderna e contemporânea – de 1950 a 2001 – que incluía esculturas, pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações.