O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, voltou a defender nesta terça-feira, 2, o uso de snipers na segurança pública. Em entrevista no fim de semana, ele disse que os atiradores de elite já estavam atuando e motivou o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) a pedir explicações. Os promotores querem saber se policiais civis ou militares estão executando pessoas portando fuzis e oficiou os chefes das duas corporações nesta segunda-feira 1º.
O uso de snipers para matar pessoas portando fuzis era uma das promessas de campanha do governador. Nesta terça, na feira Laad, a maior da América Latina nas áreas de defesa e segurança, Witzel avaliou que não há conflito entre uma execução por snipers e as garantias constitucionais, como o direito à vida e a um julgamento justo, expressos também na Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU).
Witzel disse que atenderá aos ofícios do MPRJ citando também leis em vigor. “Vamos responder [ao MPRJ] aquilo que tem que ser respondido. A polícia tem que usar os meios necessários para proteger a população”, disse em rápida entrevista à imprensa. “É legítima defesa da sociedade. Está no Código Penal desde 1940”, acrescentou.
No fim de semana, em entrevista ao jornal O Globo, o governador confirmou que snipers estavam sendo usados, mas que não havia divulgação porque tratam-se de ações sigilosas. O MPRJ abriu, então, dois inquéritos civis para investigar as rotinas operacionais das polícias
Na Laad, Witzel evitou comentar o roubo de uma arma no primeiro dia da feira. Ele disse que não acessou o celular desde a chegada ao evento e que não tinha atualizações sobre o caso. Uma pistola, modelo APX Compact 9 mm, foi furtada do estande da empresa multinacional Beretta Defense Technologies, onde estava em exibição. Não há suspeitos identificados.
Moro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse que não está familiarizado com o uso de snipers pelo governo do Rio, mas que concorda que o policial “não precisa esperar levar um tiro para reagir”.
“Não estou familiarizado com essa questão, e precisaria entender melhor ao que o governador está se referindo. O fato é que um policial não precisa esperar levar um tiro de fuzil pra reagir”, disse depois de participar de uma palestra na Laad.
Segundo Moro, no Rio existem organizações realmente perigosas que precisam ser combatidas e é um grande desafio, que deve ser feita junto com políticas sociais. “Não há nenhuma dúvida de que milícias são organizações criminosas. Para mim, Comando Vermelho, PCC e milícias é tudo a mesma coisa. Muda um pouco o perfil do criminoso, mas ainda assim estamos falando de criminalidade grave e que tem que ser combatida”, afirmou.
Ele destacou a necessidade de melhorar as condições dos presídios com raio x, bloqueio de celulares e a questão de comunicação e tecnologia. Os recursos para isso,porém, reconhece, “são limitados”, mas que pretende utilizar o que existe “da melhor forma possível”.
“Temos que investir na tecnologia para facilitar o trabalho dos agentes de segurança e diminuir os recursos financeiros empregados. Sempre temos que estar acompanhando os desenvolvimentos tecnológicos”, explicou.