Desistir da meta seria mais danoso do que justificar o fracasso no seu cumprimento
Há sinais de pressões no sentido de ser mudada a meta de superávit primário da União para 2017 (de R$ 139 bilhões), mas o ministro da Fazenda mostra-se comprometido com o seu cumprimento. Mesmo à custa de perda de popularidade do presidente da República, Henrique Meirelles foi apoiado por Michel Temer na proposta de elevar impostos, assim reduzindo os riscos de não se alcançar o objetivo fiscal para este exercício. Foi uma ação correta, nas circunstâncias.
Mesmo assim, há demandas para rever a meta. Os sinais são de insatisfação da área política com a resistência do ministro da Fazenda. Desde o governo Sarney, esse comportamento tem sido comum, sempre que a austeridade fiscal se impõe para evitar a piora da situação fiscal e para reverter expectativas negativas dos agentes econômicos.
Órgãos públicos que sofrem cortes de gastos exercitam o que Pedro Parente chamou de “prioridade invertida”, contribuindo para formar o ambiente de críticas à equipe econômica. Como o contingenciamento de gastos não implica interferência na gestão das unidades orçamentárias, seus dirigentes tendem a priorizar despesas menos relevantes, deixando à míngua atividades cuja paralisação acarreta clamor da opinião pública.